Mostra de Trabalhos Pedagógicos apresenta projetos de etnias indígenas

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Conhecimentos e experiências entre etnias de comunidades indígenas situadas nas zonas rural e urbana de Manaus foram compartilhados as durante a 8ª edição da Mostra Pedagógica dos Professores Indígenas da rede municipal de ensino.

VIII Mostra de Trabalhos Pedagoicos Indigenas  Fotos Rode Abreu (4)

O evento começou na última quinta-feira, 29, e encerra, neste sábado, 31, no Centro Cultural Tuxaua Valdomiro Cruz, localizado na comunidade Três Unidos, onde também está instalada a Escola Indígena Municipal Kanata T-ykua.

O evento foi promovido pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) e organizado pela Gerência de Educação Indígena (GEI) do órgão. Durante o evento, 17 projetos desenvolvidos nos 11 espaços culturais e nas quatro escolas indígenas da rede municipal de ensino foram disseminados para um público composto por lideranças comunitárias e professores indígenas.

Segundo a chefe da Divisão de Ensino Fundamental (DEF) da Semed, Lucila Bonina, os projetos têm caráter pedagógico e são relevantes, porque retratam a identidade de cada etnia destacada. “Saber que estão em execução (os projetos) nos deixa muito feliz, porque demonstra que estas culturas e particularidades estão sendo respeitadas, difundidas e, principalmente, que os direitos de aprendizagem dos nossos alunos indígenas estão sendo assegurados, da mesma forma que para os não indígenas, respeitando a sua especificidade e abrangência cultural”, destacou.

Os projetos foram pensados observando as necessidades das próprias etnias. Eles são definidos no início do ano e desenvolvidos durante todo o ano letivo de 2015. A ideia de cada iniciativa pedagógica é propor uma ferramenta de aprendizagem adaptada, respeitando os costumes, tradições, mitos e crenças, para enriquecer e revitalizar a cultura indígena.

O chefe da GEI da Semed, Rossini Maduru, explicou que o principal objetivo da mostra é propor um momento de troca de experiências. Ele disse, ainda, que nestes oito anos de exposição de trabalhos já é possível perceber um reflexo positivo. “Já é possível constatar avanços na Educação Indígena. Hoje, por exemplo, temos conquistas na prática pedagógica, justamente porque há esta troca de experiência, esta integração e partilha de conhecimento. Outro marco é que os nossos alunos estão falando a sua língua materna de maneira mais intensa, coisa que antes não se via com a frequência de hoje. A cada ano surgem ideias mais ousadas, mais criativas e, acima de tudo, que vem ao encontro das perspectivas das necessidades dos nossos alunos”, afirmou Rossini.

Os projetos foram apresentados por seus idealizadores e colaboradores. A cada exposição, os professores explicavam sobre os trabalhos desenvolvidos, destacando a fundamentação teórica, os objetivos gerais e específicos e, também, como usá-los de forma alternativa para ensinar a língua materna de cada etnia. As principais ideias de trabalho aliavam música, grafismo, contação de histórias indígenas e o letramento adaptado nas comunidades, onde há escolas e espaços culturais da Semed. Dentre as etnias participantes da mostra estava Karapana, Nyengatu, Kokama, Kambeba e Tikuna.

Um dos trabalhos destaques apresentados foi o do professor Omar Alípio. A exposição foi feita pela filha dele e auxiliar pedagógica, Jéssica Onia. A ideia do projeto é revitalizar a língua Xikari Apurinã, por meio de canções do seu idioma. Para isso, ela, juntamente com a assessora pedagógica da GEI da Semed, Giovana Ribeiro, elaboraram um livro e glossário, contendo seis músicas Apurinãs e mais duas infantis traduzidas do português para língua materna e vice-versa.

Além disso, no material pedagógico, há um alfabeto adaptado, figuras ilustrativas e desenhos, feitos por alunos atendidos pelo espaço cultural do Mauazinho, zona Leste de Manaus. Durante a explicação, Jéssica ressaltou como o projeto tem impactado na vida dos alunos do espaço cultural. “Com este trabalho lúdico, atrelando a música a textos atrativos, percebemos que os alunos desenvolveram mais a escrita e a compreensão da língua materna”.

Outro trabalho pedagógico de destaque apresentado na mostra foi o da professora voluntária indígena, Jeane Maria, que trabalha no Centro Cultural Nusuken, localizado no bairro Redenção, zona Centro-Oeste da cidade. O projeto desenvolvido pela docente busca retomar o interesse pela cultura Santeré- Mawe, estimulando a confecção e a importância do artesanato, dentro da etnia.

De acordo com a educadora, o projeto trouxe uma mudança de hábito na comunidade. “Pensamos em desenvolver o projeto após termos verificar que alguns pais, da nossa comunidade, não estavam estimulando os seus filhos a confeccionar e sentir gosto pelo nosso artesanato, que é algo muito forte em nossa cultura. Com a implantação do projeto, percebemos que houve mudança de pensamento e, até de atitude”, observou.

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