Histórias indígenas ocupam centro da programação do Masp em 2023

Três exposições sobre o tema estão abertas
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São Paulo (SP), 24/03/2023 - O Museu de Arte de São Paulo (Masp) recebe a exposição Mirações, do Movimento dos Artistas Huni Kuin - MAHKU, na programação anual dedicada às histórias indígenas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou nesta sexta-feira (24) três novas exposições temporárias. Todas elas têm olhar voltado às histórias indígenas, tema que foi escolhido para a programação do museu durante todo este ano de 2023 e que pretende apresentar a diversidade e complexidade dessas culturas, além de discutir o silêncio da história oficial da arte em relação a essa produção artística.

“O ano de 2023 é dedicado [no Masp] aos povos indígenas e às artes indígenas. Particularmente considero que é um passo muito grande de reconhecimento das artes e dos saberes indígenas, que historicamente foram excluídos e estiveram à margem dos museus, e hoje estão sendo convidados para participar dessas instituições, particularmente do Masp”, disse Edson Kayapó, curador adjunto de arte indígena do Masp, em entrevista à Agência Brasil.

Uma das mostras abertas é Carmézia Emiliano: a Árvore da Vida, com pinturas que retratam o cotidiano da comunidade da artista indígena macuxi. A segunda, e maior delas, é Mahku: Mirações, que apresenta pinturas, desenhos e esculturas produzidas pelo grupo de etnia huni kuin. Na sala de vídeo do museu são exibidos curtas do coletivo Bepunu Mebengokré. “São exposições que inauguram o ano de histórias indígenas [no Masp]. Elas abordam diferentes mídias, suportes e linguagens dessa produção, revelando a diversidade que está contido nas histórias indígenas, histórias que o Brasil deixou de olhar com consistência durante muito tempo”, disse Amanda Carneiro, curadora assistente.

Esta não é a primeira vez que as culturas indígenas ocupam os espaços do museu. Ao longo de sua história, o Masp organizou diversas exposições com objetos e registros de comunidades localizadas no território brasileiro tais como a Exposição de arte indígena (1949), Alguns índios (1983), Arte karajá (1984), Índios yanomami (1985) e Arte indígena kaxinawa (1987). Em 2019, o Masp também chegou a ter sua primeira curadora indígena, Sandra Benites. “Nos anos 70, o museu abrigou uma série de exposições de arte indígena. Mas agora é um novo momento. Esse é um ano todo dedicado às histórias indígenas, mas muito mais voltado para a produção de arte indígena contemporânea, baseada em outros marcadores. Agora estamos olhando atores e agentes que têm sua identidade e seu estilo”, disse Guilherme Giufrida, curador do Masp.

Carmézia Emiliano
Chamada de Carmézia Emiliano: a Árvore da Vida, a exposição apresenta 35 pinturas sobre tela produzidas pela artista, oito delas inéditas e desenvolvidas especialmente para a mostra. As pinturas figuram e refletem paisagens e o cotidiano da comunidade da artista indígena macuxi, povo que se localiza principalmente na Maloca do Japó, Normandia, no estado de Roraima. A curadoria é de Amanda Carneiro.

“A árvore da vida, também chamada de wazaká, é tema muito significativo na produção da Carmézia, se liga a Macunaíma, romance muito conhecido por nós, e fala de um mito em que uma árvore frondosa foi derrubada e tem seu tronco transformado no Monte Roraima. Isso virou o mote da exposição e fala dessa capacidade de renovação e de perpetuação dos saberes e das vivências indígenas”, disse a curadora.

Autodidata, Carmézia nasceu em 1960 e começou a pintar motivada pelo impacto que teve ao visitar uma exposição de arte em Boa Vista. “A Carmézia Emiliano é uma artista macuxi que começou a sua produção na década de 90 e que produz pinturas, sobretudo, sempre ligadas a temas de vida comunitária e dessa relação de profundo respeito entre os macuxis e a natureza”, explicou a curadora. Sua pintura traz cores vivas, muito movimento e elementos de mitos e saberes macuxis.

Por Agencia Brasil

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