Sistema vai monitorar possíveis eventos meteorológicos extremos e ocorrência de desastres naturais na região metropolitana de Manaus

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Pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e instituições parceiras, com apoio do Governo do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), desenvolveram um sistema capaz de informar com antecedência a ocorrência de eventos extremos de chuva, além da possibilidade de monitorar desastres naturais, na Região Metropolitana de Manaus (RMM).

fape

Foto: Divulgação

Intitulado de “Detecta”, o sistema consiste em uma plataforma de monitoramento contínuo de parâmetros atmosféricos na qual são usadas informações a partir de dados de estações em superfície e remotos, como satélites e radar, que funcionará 24h realizando o monitoramento das condições atmosféricas na RMM, podendo também, no futuro, monitorar os municípios do interior do Estado do Amazonas.

O coordenador da pesquisa, Rodrigo Augusto Ferreira de Souza, explicou que o sistema é capaz de enviar alertas para órgãos de controle de acordo com as ocorrências. O alerta pode ser enviado via SMS para smartphones ou por e-mail. Atualmente, segundo ele, o sistema monitora tempestades, queimadas, raios, alagamentos e deslizamentos de terra na RMM de Manaus.

“As Defesas Civis do Estado e do Município de Manaus já utilizam a plataforma, em caráter experimental. Esperamos exatamente isso, que as informações sejam repassadas para os órgãos de controle e instituições governamentais que tenham interesse de receber essa informação para municiar a atuação e minimizar os impactos de desastres ambientais na RMM”, disse o pesquisador.

O estudo foi desenvolvido com aporte financeiro do Governo do Amazonas por meio da Fapeam, no âmbito dos Programas Primeiros Projetos (PPP); de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado) e Green Ocean Amazon (GOAmazon) e do Programa Estratégico de Ciência, Tecnologia & Inovação nos Programas de Pós-Graduação do Estado do Amazonas (PECTI-PG). A pesquisa foi realizada em parceria com a Agência Brasileira de Inovação (Finep), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), os Institutos Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O “Detecta” é uma iniciativa complementar aos projetos Remclam/UEA-Finep (Rede de Mudanças Climáticas da Amazônia) e GoAmazon (DOE/FAPEAM/FAPESP) que preveem a instalação de um grande conjunto de equipamentos de sondagem atmosférica e ambiental em municípios da região metropolitana de Manaus, capaz de monitorar continuamente a atmosfera da região.

Sistema pode ter outras aplicações

Doutor em meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Rodrigo Augusto Ferreira de Souza disse que a ideia de criar um sistema de monitoramento e envio de alertas para cidade de Manaus surgiu em 2012.

O diretor-presidente da Fapeam, René Levy Aguiar, ressaltou a importância estratégica do “Detecta” para o Amazonas tendo em vista suas aplicações na indústria e no comércio.

“O sistema é útil e estratégico para o Estado para aumentar o tempo de resposta dos órgãos de controle para eventos meteorológicos extremos, mas também pode ser utilizado para aprimorar, ampliar e garantir o atendimento a áreas estratégicas como no monitoramento do transporte de insumos para a indústria e o comércio, para a mobilidade urbana, logística, segurança pública e outros”, disse René Levy Aguiar.

Nos últimos anos, empresas dos mais diferentes setores da sociedade têm investido na meteorologia para balizar tomadas de decisões. Particularmente, na região amazônica a informação meteorológica é fundamental, uma vez que grande parte dos insumos que chegam ao Polo Industrial de Manaus (PIM) e boa parte dos produtos da Zona Franca são transportados pelos rios da região.

Ele explicou que apesar do sistema “Detecta” ter aplicações já concluídas para o monitoramento meteorológico, a ferramenta também pode ser adequada e empregada para ajudar em outras áreas, por exemplo, na área da saúde, mobilidade urbana, economia, logística, gestão, entre outras.

“Como o projeto foi inicialmente pensado e construído para o monitoramento de eventos meteorológicos, a plataforma foi inicialmente desenvolvida com esse objetivo. No entanto, ela pode ser adaptada facilmente para adicionar novos subprodutos e mais camadas de informações, integrando à plataforma, diferentes tipos de bases de dados. Podemos gerar subprodutos temáticos e monitorar de acordo com o interesse do usuário”, disse Souza.

Segundo ele, na saúde, é possível utilizar o sistema para relacionar os dados meteorológicos com a ocorrência de vetores de determinadas doenças e agravos; na Construção Civil pode ser útil na gerência de canteiros de obra, uma vez que o tempo severo pode trazer muitos transtornos e até colocar vidas em risco; no transporte e logística pode ser usado no monitoramento das rotas, auxiliando a diminuir os riscos/custos que envolvem entregas de cargas; no setor elétrico o sistema pode monitorar pontos estratégicos de distribuição e transmissão de energia enviando alertas sobre ocorrência de descargas elétricas, umas das principais causas de interrupção de energia no Brasil.

Benefício para a navegação

Rodrigo Augusto Ferreira de Souza explicou que, entre as inúmeras aplicações do sistema “Detecta” está, por exemplo, o monitoramento da navegação para se garantir segurança e um acompanhamento 24 horas dos produtos e insumos transportados em embarcações para o Polo Industrial de Manaus (PIM).

Souza também lembrou que muitos produtos fabricados no PIM são transportados por navios. “O que pretendemos fazer no futuro é monitorar a ocorrência de eventos meteorológicos extremos na calha dos rios, com a possibilidade de envio de alertas para as embarcações. Podemos saber onde estão todos os barcos navegando e informa-los sobre tempestades e outras intempéries, além de ser uma possibilidade da comunicação entre as embarcações, pois um pode informar ao outro, por exemplo, se há algum problema ao longo do percurso”, disse Souza.

O pesquisador informou que o “Detecta” possibilitará uma melhoria do tempo de reação às situações imprevistas (como deslizamentos) através do aperfeiçoamento de ferramentas de análise e previsão de desastres naturais, além de dar suporte às mais variadas atividades como pesquisa/ensino, mobilidade urbana, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, entre outras.

Rodrigo Augusto Ferreira de Souza informou que o sistema pode ser utilizado, ainda, para dar suporte na área de Segurança Pública, mais precisamente ao Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron), no futuro.

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