O município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus) está passando por um mapeamento das atrações turísticas. O trabalho tem sido desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e a Associação de Guias de Selva, com o objetivo de construir regras de uso e melhorar a estrutura.
O levantamento integra, sobretudo, a Área de Proteção Ambiental (APA) Maroaga, uma das 42 Unidades de Conservação Estaduais gerenciadas pela Sema, que reúne os principais atrativos de cachoeiras e grutas do município, como a Caverna do Maroaga, Gruta da Judeia, Porteira, Santuário, Neblina, Pedra Furada, Mutum e outras.
O trabalho inclui o mapeamento das trilhas de acesso, com informações sobre distância, espécies relevantes no trajeto, além da descoberta de novos atrativos. É o que explica o gestor da APA Maroaga, Jaime Gomes.
“Essa atividade é um desdobramento do Gabinete Itinerante Ambiental (Giam) da Sema, que discutiu naquela ocasião formas de potencializar o turismo de forma sustentável, com foco na preservação da APA e adjacências. Para isso, a construção de regras de uso, o contato com os proprietários e empreendedores são determinantes”, disse.
Melhorias – Além da construção de regras focadas na conservação da área protegida, a atividade visa elaborar uma proposta de melhoramento da infraestrutura dos atrativos, em parceria com os empreendedores. É o que reforça o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do município, Luiz Schwade.
“Nós estamos iniciando esse processo de ordenamento, que sabemos que será longo, mas é uma alternativa viável para que a gente garanta a preservação do meio ambiente e o aprimoramento do turismo oferecido aos visitantes e dê uma qualidade de vida melhor para a população que vive dessa atividade”, disse.
Para a coleta de informações, as equipes fazem uso da tecnologia, por meio do aplicativo ODK – do inglês, Open Data Kit –, criado pela Universidade de Washington, que permite a criação de um banco de dados unificado para auxiliar na construção de um inventário de atrações e no ordenamento da cadeia produtiva.
Expedições – Na quinta e na sexta-feira (07 e 08/10), as equipes estiveram realizando uma visita técnica à cachoeira da Neblina e Salto do Ipy. Participaram das expedições equipes da Sema, Semmas, da Secretaria Municipal de Turismo, Empreendedorismo e Comércio (Semtec), da Secretaria Municipal de Cultura e Eventos (Semcult), além de representantes da Associação de Guias de Selva Águias.
No Salto do Ipy, a visita incluiu análise da trilha de acesso para a Ponta da Agulha, mirante acima da copa das árvores, cerca de 60 metros de altura. O local guarda ainda um conjunto de grutas, onde estão um dos únicos registros de arte rupestre no Amazonas – que, com o ordenamento, também devem ser incluídos na rota turística.
“A arqueologia também é importante para o turismo, e dentro desse ordenamento nós vamos conhecer melhor o processo de ocupação humana em si. As pinturas têm aproximadamente mil anos de datação, podendo ter um recuo maior com as pesquisas”, afirmou Marco Antônio da Silva, arqueólogo da Semcult.
O proprietário da área, Adelson Freitas, visitou o local pela primeira vez. “Estou muito feliz de estar participando desse projeto. Vou conhecer mais, estudar mais e o que pudermos fazer para preservar essa área, contribuir com o desenvolvimento do turismo e agregar valor para essa atividade, vamos fazer”, contou.
Para o ordenamento, as visitas técnicas também já foram realizadas na Caverna do Maroaga e no Complexo de Cavernas do Ceará.
Fortalecimento comunitário – Para a presidente da Associação de Guias de Selva do município, Juliane Tavares, esta é uma oportunidade de diversificar o turismo em Presidente Figueiredo, trazendo pessoas com interesses diversos, para além dos balneários.
“Esse ordenamento turístico vem valorizar mais a comunidade, porque não envolve somente o serviço do guia, mas de todas as pessoas que moram no local. Abre oportunidades de emprego e renda e deixa um turismo mais qualificado, para que todos sejam beneficiados nessa cadeia”, afirmou.
A opinião de Juliane é compartilhada pelo primeiro guia de Figueiredo, Gadelha de Souza. “Isso vai permitir a criação de novos roteiros, com novos direcionamentos para que a gente possa desenvolver de forma mais eficaz o nosso turismo”, complementou.