Protagonismo na pandemia deve ser atribuído aos profissionais de saúde, diz Joelson Silva

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FOTO: ROBERVALDO ROCHA / CMM

Os vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) estão livres para realizar qualquer tipo de doação nesse momento de pandemia, desde que não infrinjam a legislação eleitoral e nem se utilizem da iniciativa para fazer palanque político em pleno ano de eleições. O recado voltou a ser dado pelo presidente da casa, Joelson Silva (Patriotas), nesta quinta-feira (9), só que dessa vez, diretamente ligado ao Projeto de Resolução nº 003/2020, que tramita na Câmara e propõe, entre outras questões, a redução de 50% dos salários dos  vereadores durante o período de calamidade pública.

Joelson Silva informou que a proposta é ilegal e inconstitucional, além de possuir vícios formal e material. Preocupado com o rumo que tomou a informação sobre o assunto, o presidente tratou logo de reiterar que o “protagonismo”, nesse momento, deve ser atribuído aos profissionais de saúde, que estão na linha de frente de batalha contra a Covid-19, não para a um ou outro parlamentar.

“Um projeto como esse não se sustenta, por vários motivos e, nem mesmo se todos os parlamentares quisessem, não poderíamos legislar sobre os subsídios atuais”, esclareceu o presidente, com base na Constituição Federal, artigo 29, inciso VI, e na Lei Orgânica do Município de Manaus (Loman), no artigo 30, inciso VI. Ambos estabelecem que os subsídios dos vereadores são fixados, por meio de lei, no último ano da Legislatura, para vigorar na legislatura seguinte.

Joelson Silva ressaltou que, nos tribunais brasileiros, há uma vasta jurisprudência relacionada a essa questão.

O parlamentar observou, ainda, que o ato de fazer doações nesse momento, não deve ser considerado uma obrigação, mas sim, voluntário. Ele citou as emendas impositivas que foram destinadas pelos vereadores ao combate da doença, como um divisor de águas nessa guerra contra o mal. (ver quadro abaixo).

“Todos queremos contribuir, mas, dentro da lei e o momento é de unidade, fazer o que for melhor para o povo. Os médicos, enfermeiros, anestesistas e demais profissionais da saúde são os verdadeiros heróis. A eles é que devemos nosso respeito e reconhecimento. Tudo o que os políticos fizerem, neste momento, não é nada mais do que obrigação; compromisso pela vida”, ressaltou.

Verba de gabinete

Sobre a transferência de recursos da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap) ao Tesouro Municipal, além da destinação de recursos da verba de gabinete dos vereadores para o combate do coronavírus, como também consta no projeto, Joelson Silva disse que a matéria envolve direitos de detentores de poder e de regime jurídico de servidores, notadamente por que tem reflexo no recebimento de remuneração, e que não podem figurar na mesma propositura, ou seja, precisam estar em leis específicas e não em Resolução.

“O proponente, adentrou à seara administrativa de pagamento de remuneração de servidores da Câmara que é matéria reservada à Mesa Diretora, de acordo com o artigo 36, da Loman. Ademais, como presidente do poder legislativo, pauto a minha gestão com trabalho e responsabilidade, não só com o parlamento, mas, principalmente, com os servidores, que continuam trabalhando, dando suporte para que a Câmara possa aprovar as medidas necessárias que o Executivo Municipal solicita, para o combate ao novo coronavírus”, disse.

Para não deixar nenhuma dúvida no ar, o presidente foi mais além, em relação a este último assunto.

“O proponente sugere que seja destinado valores excedentes da verba de gabinete dos vereadores para o Executivo Municipal. No entanto, não há  esses excedentes, porque a Verba de Gabinete é utilizada para pagar os servidores que atuam nos gabinetes dos vereadores, ou seja, aqueles profissionais que dão suporte ao trabalho dos parlamentares. Para haver excedente será preciso exonerar servidores e isso, nesse momento, é desumano, vai contra todo o discurso do próprio proponente sobre a manutenção dos empregos no Brasil. Além do mais, a Câmara continua funcionando e todos estão trabalhando presencial ou remotamente”, disse.

Extraordinário

A Câmara continua firme no propósito de ajudar pessoas, durante o crescimento da Covi-19 na capital amazonense, segundo Joelson Silva. O órgão, porém, não irá “tirar coelho da cartola” e apresentá-lo como “salvador da pátria”.

“Não existe político herói. O que há de extraordinário em doar o dinheiro? Qualquer pessoa pode fazer isso. Nesse momento, não há espaço para a classe política ser protagonista. Se o vereador quiser, pode doar parte do seu salário. Acho que pode até doar, fazer isso, dentro dos ditames da lei, porque extraordinário são aqueles profissionais de saúde que estão arriscando suas vidas para salvar outras. O restante é politicagem”, sustentou Joelson Silva.

Medidas tomadas

Pensando no bem estar dos servidores e de todos aqueles que frequentam a casa, e tendo consciência da gravidade da situação, a CMM fechou o parlamento para o atendimento ao público externo. Três Atos da Mesa Diretora foram aprovados, dois instituindo o Teletrabalho para os servidores efetivos, comissionados e para os de Verba de Gabinete, e um estabelecendo que todos os documentos enviados ou recebidos pela Câmara, serão feitos via e-mail ou qualquer outro meio digital.

“Estamos realizando as sessões plenárias por videoconferência. Enfim, todos os que trabalham na Câmara continuam exercendo as suas atividades de forma remota para preservarem a sua saúde. É preciso preservar o capital humano da CMM. Mas, continuamos atuando, sempre com responsabilidade, transparência e seriedade, em prol de nossa cidade e do nosso povo”, justificou o presidente.

Outras ações

A Câmara remanejou aproximadamente R$ 9 milhões de emendas impositivas para a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), no combate ao coronavírus. A ajuda começou, justamente, pelos profissionais de saúde que estão na linha de frente. Médicos, enfermeiros e outros profissionais bolsistas têm prioridade em receber os benefícios do saldo dessas emendas impositivas, destinadas pelos vereadores ao orçamento do Executivo.

A Câmara também aprovou o Projeto de Lei 60 de 2020, autorizando a Prefeitura de Manaus a prorrogar o prazo de vencimento de tributos municipais parcelados e a realizar parcelamento online, para minimizar impacto do coronavírus na economia. A medida permite aos contribuintes manauaras prazo extra para pagar e renegociar suas dívidas com o fisco municipal.

O legislativo também aprovou para o programa “Nossa Merenda”, o aumento de R$ 25 para R$ 50, concessão de ajuda financeira às famílias dos estudantes da rede municipal de ensino, inscritas no programa Bolsa Família, em situação de vulnerabilidade social, para que elas possam continuar tendo acesso a merendar escolar, enquanto permanecerem suspensas as aulas.

Outra concessão de benefício também autorizada pelo poder municipal foi para os trabalhadores informais que atuam no complexo turístico da Ponta Negra, assim como 274 catadores de resíduos sólidos apoiados pela prefeitura e cerca de mil permissionários das galerias populares Espírito Santo, dos Remédios e do shopping Phelippe Daou. Ao total, mil comerciantes que ocupavam lojas nos três centros de compras foram beneficiados com o auxílio emergencial.

Outro Projeto de Lei aprovado foi o de número 065/2020, que autoriza a oferta de práticas terapêuticas complementares na rede de assistência à saúde do município de Manaus.

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