A Prefeitura de Manaus realizou no Centro Social da comunidade Aldeia Terra Preta, na zona ribeirinha, nesta sexta-feira, 29/9, ações preparatórias voltadas aos artistas, com vista à implementação da Lei Paulo Gustavo.
As atividades voltadas aos artistas e fazedores de cultura ribeirinhos e indígenas foram curso de elaboração de projetos culturais, feito em parceria com Sebrae-AM; coleta de dados para o cadastro prévio da LPG; e prospecção da busca ativa para inclusão de artistas em situação de vulnerabilidade que dificilmente participariam de projetos em processo seletivo, como exigido em geral pela LPG.
Para o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Osvaldo Cardoso, a busca ativa está dando oportunidades a talentos que muitas vezes ficam escondidos nas comunidades.
“Muitos talentos ficam escondidos nas comunidades, sem conseguirem chegar aos editais devido a vários fatores, entre eles, a comunicação. Com a busca ativa, estamos mudando essa realidade e cumprindo a determinação do prefeito David Almeida, de fazer com que a cultura e oportunidade cheguem a todos os artistas”, disse.
O presidente do Concultura, Tenório Telles, destaca o cumprimento ao espírito da LPG que é a inclusão, além do sentido emergencial da lei.
“Nossa expectativa é que os benefícios da Lei Paulo Gustavo cheguem também à população ribeirinha, contemplando os artistas e fazedores de cultura que vivem nas margens dos rios do entorno de Manaus. Tem sido uma experiência humana e enriquecedora as visitas da Prefeitura de Manaus aos nossos criadores da zona rural”.
A coordenação da implementação da LPG municipal é do vice-presidente, Neilo Batista, que tem acompanhado as ações e esclarecido as dúvidas dos artistas.
“Temos percebido que boa parte dos artistas, mestres e agentes culturais não têm a consciência das artes que praticam e a importância que suas obras têm para a identidade e motivação das suas comunidades”, explica, ao falar de cantadores e tocadores, tecedores de esteiras de fibras da floresta, lideranças indígenas e pajés.
“Encontramos nessas comunidades escritores e luthiers que vivem em anonimato com um potencial imenso de despertar o interesse do público urbano”.
O conselheiro de cultura étnica, Ludimar Gonçalves Kokama, disse que essa ação vem para dar a possibilidade da comunidade indígena na aldeia Terra Preta, e demais comunidades aqui do entorno, de concorrer aos mais de trinta projetos do segmento, além de 20% da cota indígena nas outras linguagens na LPG.
“Então terá bastante vagas para serem preenchidas. Então dessa formação abre-se uma oportunidade inédita às comunidades ribeirinhas e indígenas”, afirmou.
O produtor audiovisual da Etnia Baré, Felipe Filho, conta que é muito importante porque é difícil o acesso à informação na comunidade.
“As ações que vêm até aqui a gente valoriza muito e, principalmente, agora porque abre oportunidade pra gente trabalhar nesse segmento”. Ele conta que já vem trabalhando há quatro anos no Audiovisual e a intenção é concorrer no edital com um projeto fazendo um documentário sobre a comunidade Terra Preta, contando um pouco da vivência, da cultura da língua e da origem do povo.
Participaram da ação mais de 60 pessoas, moradores das comunidades próximas.
Busca ativa
Desde o mês de setembro, a ação foi realizada e até agora quatro buscas ativas aos artistas e fazedores de cultura localizados em comunidades rurais, ribeirinhas e na periferia do entorno e na cidade de Manaus.
Nessas ações foram prospectados mestres da cultura popular, artistas e artesãos que nunca haviam participado das ações governamentais de apoio e fomento aos fazedores de cultura. Foram coletados dados dos artistas que não têm acesso à conexão por Internet para elaborar e inscrever seus projetos.