Em um país onde políticos se cercam de regalias e planos de saúde milionários pagos com dinheiro público, uma cena incomum surpreendeu os moradores de Ourinhos (SP): o prefeito Guilherme Gonçalves, do Podemos, foi flagrado sentado na sala de espera da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), usando o SUS como qualquer cidadão comum.
Sem seguranças, sem prioridade, sem anúncio prévio. Apenas ele, a senha de triagem e o tempo de espera compartilhado com dezenas de pessoas que vivem a mesma rotina todos os dias.
Gonçalves não foi lá para aparecer foi para ser atendido e durante a espera, aproveitou para observar o serviço e fiscalizar de perto o que sua gestão oferece à população. A atitude gerou forte repercussão nas redes sociais e marcou um contraste radical com a conduta de grande parte da elite política brasileira.
O prefeito declarou que seus filhos estudam em escola pública e que gestores devem usar os mesmos serviços que administram. “Só assim a gente entende onde está o problema”, disse em outra ocasião.
Gonçalves, ex-coletor de lixo, frequentemente menciona sua trajetória como elemento de compromisso com a população. Mas sua postura não tem ficado apenas no discurso. Ele já havia anunciado que não usaria o carro oficial da prefeitura, disponibilizando o veículo para transportar pacientes da UPA que não têm como voltar para casa.
“Agora, eles andam no mesmo carro que eu. Estou aqui para servir, não para ser servido.”
Em um cenário em que servidores da alta cúpula do poder usufruem de diárias internacionais e hospitais exclusivos, a presença de um prefeito na fila do SUS devolve à política uma função esquecida: representar, e não se afastar do povo.
Guilherme Gonçalves não reinventou a política apenas relembrou o básico: servidor público está a serviço da população. Ir ao SUS, esperar como todos e avaliar a realidade do sistema é um ato de coragem institucional num país onde muitos ainda governam de dentro de carros oficiais blindados e gabinetes refrigerados.