Política e destruição ecológica da Amazônia

Professor Dr. Pe. Ricardo Castro - Filósofo e Teólogo, Mestre em Ciência da Religião, Dr. em Teologia das Religiões e Teologia Pastoral - EDIÇÃO Nº 2
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Impulsionada por importantes mudanças políticas e econômicas e por visões apocalípticas de iminente destruição ecológica global, a questão ambiental voltou ao centro do palco, e com uma vingança. No retorno do reprimido, ouvimos com frequência a linguagem da “sustentabilidade” e do “desenvolvimento sustentável”. Os significados desses termos são muito contestados. Mas o novo léxico é tão endêmico que aparece com tanta frequência na espumosa retórica de grupos políticos sustentados por agronegócios e mídias de toda espécie. Seja qual for sua ambiguidade semântica, a sustentabilidade tem o efeito de vincular três discursos até então relativamente desconexos. É agora dado como certo que a crise ambiental global e uma preocupação renovada com a demografia global (o retorno do espectro malthusiano) são inseparáveis do mapa aterrorizante da desigualdade econômica global, do retrato devastador da nossos tempos pintados nos relatórios das organizações mundiais de observação da destruição ecológica.

Os governos atuais do Brasil e da Amazônia, promoveram a desinstitucionalização em larga escala da governança da política ambiental, a modificação de regras não estatutárias e o corte de recursos orçamentários. Essas ações podem ser caracterizadas como uma forma calculada e ideológica de inação e um desmantelamento sistemático das proteções ambientais nacionais e estaduais. A escolha é não ter uma política ambiental. No entanto, os Movimentos ecopolíticos e o Congresso conseguiram, em parte e de modo tímido, conter retrocessos em nível nacional. O sucesso dos ambientalistas que atuam na arena legislativa para retirar certas propostas da agenda e adiar as votações de medidas provisórias até sua expiração parece ter incentivado o Executivo a atuar, sempre que possível, no nível regulatório e não legislativo. Como resultado, a fiscalização horizontal do Congresso foi fortalecida, especialmente por meio de propostas de decretos legislativos.

A principal causa da destruição da natureza no mundo é a demanda por recursos naturais gerados pelo consumo dos ricos (sejam nações ricas ou indivíduos e grupos ricos dentro das nações) e por causa de seu apetite gigantesco, são seus desperdícios principalmente que contribuem à carga global de poluição. Nada poderia ser mais importante para os políticos hoje, do que preservar e reconstruir as áreas degradadas. Mas isso só pode ser feito se restabelecermos uma relação saudável entre as pessoas e seu meio ambiente natural. Só então podem ser restabelecidas, uma natureza promotora da vida para milhões, não para fazer milhões.

O maior desafio, portanto, está diante da sociedade civil, seus movimentos e organizações e políticos que têm um papel crucial para garantir que as pessoas possam participar desse processo de construção de uma sociedade sustentavelmente ecológica. Nenhuma estratégia pode ter sucesso sem o envolvimento das pessoas, especialmente das mulheres. Para que a natureza útil cresça, ela terá de ser protegida e nutrida. Os muros construídos para proteger a natureza só serão respeitados pelo povo se forem muros do povo e se o povo souber que o que cresce além deles pertence a todos.

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