O estudo quer saber de que forma a espécie produz a ação anti-inflamatória e no que é capaz de auxiliar no tratamento de doenças

O crajiru (Arrabidaea chica), planta nativa da região amazônica, é a base de um estudo científico que busca identificar as potencialidades e as ações anti-inflamatórias da planta no corpo humano. A pesquisa pretende descobrir de que forma o extrato de crajiru atua e age em vias metabólicas da inflamação.
A pesquisa realizada no Laboratório de Imunologia e Doenças Infecciosas, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), conta com o apoio do Governo do Estado do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) no âmbito Programa de Apoio à Pesquisa (Universal Amazonas).
Segundo o coordenador do estudo, Antonio Luiz Boechat, o interesse pelo crajiru decorre da busca por espécies nativas da
Região Amazônica com atividade anti-inflamatória, com efeito potencial em doenças inflamatórias e reumátologicas .
A pesquisa já padronizou os extratos para desenvolver os estudos científicos. Boechat explicou que a atividade antioxidante do crajiru já é bem conhecida por pesquisadores. Mas, recentemente, o grupo de pesquisa coordenado por ele foi capaz de demonstrar diretamente, de forma inédita, o efeito protetor do crajiru sobre as mitocôndrias, as unidades celulares especializadas na produção de energia. O extrato da espécie é capaz de proteger a célula de alguns efeitos da oxidação que levam o envelhecimento da célula.
“Os primeiros experimentos que fizemos mostraram que a espécie tem uma toxicidade muito baixa, como descrito antes, e raramente será tóxica a quem ingerir”, explica o pesquisador.
Doutor em Biotecnologia, Boechat diz que o problema do crajiru e outras plantas medicinais é que os estudos são feitos em modelos experimentais iniciais e não se tem ideia de como a espécie apresenta o efeito terapêutico ou anti-inflamatório. Com o estudo, a equipe quer saber de que modo, em nível celular, esse extrato promove a ação anti-inflamatória e em que unidade celular ou via bioquímica da célula o extrato estará agindo e produzindo a ação anti-inflamatória ou antioxidante.
“As células têm vias bioquímicas e diversas reações, caminhos químicos que são distintos dentro do processo inflamatório. Quando colocamos o extrato em contato com uma célula inflamatória, por qual via metabólica ou bioquímica da inflamação o extrato está atuando? É isso que nos dará uma ideia do mecanismo e de que forma a planta produz seus efeitos”, contou.
