Manaus celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente, na quarta-feira, 5/6, com o evento “Floresta à Mesa: agricultura urbana e restauração de ecossistemas em Manaus”, que reuniu representantes do poder público, sociedade civil e instituições nacionais e internacionais no auditório da Prefeitura de Manaus, firmando o compromisso do município no desenvolvimento de um amplo programa de hortas urbanas e periurbanas. Esta é mais uma das iniciativas da gestão, que tem como foco a melhoria da qualidade de vida da população, a redução das ilhas de calor e o incentivo ao desenvolvimento de uma alimentação natural e de qualidade.
O evento é resultado da iniciativa global Geração Restauração Cidades, que atua para reverter a degradação ecológica nas áreas urbanas, que, embora ocupem menos de 1% da superfície terrestre, abrigam mais da metade da população mundial. O projeto é financiado pelo Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) e implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em coordenação com o Secretariado da Década da ONU da Restauração de Ecossistemas e o Centro de Biodiversidade Global do Iclei.
Em Manaus, o projeto é implementado pela prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade e Mudanças do Clima (Semmasclima), em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Durante o evento, foi lançado oficialmente o documento “Floresta à Mesa”, com recomendações políticas para fortalecer a agricultura urbana e periurbana como vetor de inclusão social, restauração ambiental e segurança alimentar. As propostas foram entregues aos gestores municipais.

“É com grande satisfação que a Prefeitura de Manaus realiza esse projeto e queremos expandir cada vez mais. Manaus tem muito orgulho de ter sido uma das duas únicas cidades brasileiras selecionadas pela ONU, entre 250 cidades ao redor do mundo. Uma de nossas ações é a implantação de pomares nas escolas para ajudar a reduzir as ilhas de calor. Esses são espaços que necessitam de atenção neste sentido. É determinação do prefeito David Almeida trabalharmos pela recuperação de ecossistemas degradados”, destacou o secretário municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudanças do Clima, Fransuá Matos.
Entre as escolas que já receberam o programa estão o Centro Integrado Municipal de Educação (Cime) Lucia Melo Ferreira Almeida, no bairro Novo Aleixo, e o Centro Municipal de Educação Especial André Vidal de Araújo, localizado no bairro Nossa Senhora das Graças.
“A carta compromisso assinada pelo prefeito na abertura do ‘Junho Verde’ reafirma o compromisso de Manaus com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. E a implantação deste programa de hortas urbanas e periurbanas está totalmente conectada a essa agenda global”, complementou Fransuá.
O diretor de arborização da Semmasclima, Deyvson Braga, afirmou que o programa já está presente, hoje, em escolas e em alguns Centros de Referência da Assistência Social (Cras), com estágios diferentes de implementação. Ele explicou que foi realizada uma oficina de capacitação com apoio da FGV para formar multiplicadores do projeto, e destacou a presença e participação de lideranças comunitárias nesta trajetória, como a cacique Lutana Kokama, do Parque das Tribos, localizado na zona Oeste de Manaus e considerado o maior bairro indígena do mundo. Na localidade, a agricultura urbana é desenvolvida com destaque e será modelo para outras áreas da cidade.

A representante do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Jaqueline Lima, destacou que essa pauta da agricultura urbana foi por muito tempo invisibilizada. “Agora, Manaus sai à frente, sustentando essa visão com o apoio da FGV e do Pnuma, e terá, a partir deste ano, o suporte direto do MDS. É um momento de grande importância para consolidar essa agenda como prioridade no Brasil”.
O presidente do Conselho Municipal de Gestão Estratégica da Prefeitura de Manaus, Arnaldo Grijó, afirmou a importância de estar na floresta amazônica e ser vitrine para o mundo. “Hoje selamos mais uma vez o compromisso de Manaus com a descarbonização e com uma cidade melhor para todos. Vamos transformar áreas usadas como lixões em bairros e comunidades em hortas urbanas, criando uma cadeia de geração de renda e alimentação saudável, especialmente para as populações mais vulneráveis, utilizando os alimentos da própria Amazônia”.
As recomendações entregues ao poder público pela FGV destacam a criação de um marco legal para a agricultura urbana, cessão de terras públicas, governança intersetorial, geração de renda, apoio técnico e financiamento. Elas foram construídas coletivamente e posicionam Manaus como referência nacional em políticas públicas integradas de sustentabilidade.
Com isso, Manaus dá mais um passo firme rumo à construção de políticas públicas transformadoras, que unem natureza, alimentação, clima e inclusão social em uma mesma estratégia.
O evento também contou com a participação da equipe do programa Farmácia Viva, uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) que visa valorizar os saberes naturais como aliados à saúde física e emocional. O programa apresenta soluções baseadas na natureza para fortalecer a qualidade de vida da população, reforçando o papel das plantas medicinais e da agricultura urbana como instrumentos de bem-estar.