O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao uso da força militar e ao enfraquecimento da integração latino-americana durante seu discurso neste domingo (9), na 4ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), em Santa Marta, na Colômbia. Sem citar nomes, Lula mandou uma indireta ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenando ações militares recentes no Caribe e no Pacífico sob o pretexto de combate ao narcotráfico.
A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional”, afirmou.
O recado ocorre em meio às tensões diplomáticas entre Brasil e EUA, agravadas pelas sanções impostas durante o governo Trump, como o tarifaço sobre produtos brasileiros e a Lei Magnitsky, que atingiu o ministro Alexandre de Moraes (STF). Em 26 de outubro, Lula e Trump chegaram a se reunir na Malásia para tentar reabrir o diálogo entre os dois países.
Durante o pronunciamento de cinco minutos, Lula criticou a falta de resultados concretos nas reuniões multilaterais e cobrou uma retomada da integração latino-americana. O presidente lamentou a ausência de chefes de Estado na Celac, destacando que a região voltou a se dividir em interesses isolados.
O petista também defendeu que a próxima pessoa a ocupar o cargo de secretário-geral da ONU seja uma mulher, reforçando o discurso de igualdade de gênero na política internacional.
O presidente encerrou sua fala ressaltando que recursos gastos em guerras poderiam ser investidos em desenvolvimento social e ambiental, criticando o aumento dos orçamentos bélicos na Europa. Após o discurso, Lula deixou o evento sem falar com a imprensa.
A 4ª Cúpula Celac-UE reuniu líderes dos 27 países europeus e das 33 nações latino-americanas e caribenhas, com o objetivo de retomar o diálogo birregional e discutir o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Esta é a quarta edição do encontro e o décimo desde 1999.
Lula foi o único chefe de Estado latino-americano, além do anfitrião Gustavo Petro, a comparecer presencialmente. A expectativa é que o evento consolide a Declaração de Santa Marta e o Mapa do Caminho 2025-2027, com propostas para reforçar a cooperação política, econômica e ambiental entre os blocos.






































































