Lula chama operação no Rio de “matança” e pede investigação federal sobre ação que deixou 121 mortos

Em primeira fala pública sobre o caso, presidente classifica operação como “desastrosa” e diz que decisão judicial “não era ordem de matança”; STF fará audiência sobre o episódio nesta quarta (5)
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FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “matança” a operação policial realizada no Rio de Janeiro na última semana, que deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais. Em entrevista a agências internacionais nesta terça-feira (4), Lula afirmou que o governo federal deve abrir uma investigação para apurar as circunstâncias da ação, considerada a mais letal da história do estado.

A operação, deflagrada na terça-feira (28), teve como alvo integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), nos complexos do Alemão e da Penha, zonas norte da capital fluminense. O governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação como “um sucesso” e afirmou que as únicas vítimas foram os policiais mortos em confronto. A declaração gerou forte reação de organizações de direitos humanos e de membros do governo federal.

Segundo Lula, o governo estuda designar legistas da Polícia Federal para auxiliar nas perícias das mortes registradas. “Até agora só temos a versão do governo estadual, e tem gente que quer saber como tudo aconteceu”. O presidente afirmou. “Houve uma matança e creio que é importante investigar em que condições ocorreu”

A fala marca a primeira crítica pública direta do presidente ao governo fluminense desde a operação. Até então, Lula havia se manifestado apenas por meio das redes sociais, defendendo o combate ao crime organizado, mas sem condenar a atuação das forças de segurança.

“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias e espalhando violência. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, escreveu na ocasião.

O episódio também aprofundou a tensão política entre o Palácio do Planalto e o governo do Rio. Castro reclamou de uma suposta falta de apoio federal, alegando que teve pedidos de blindados negados três vezes. Apesar disso, o governador reconheceu que não solicitou a Garantia da Lei e da Ordem (GLO)  instrumento necessário para a cessão de equipamentos e militares federais em operações locais.

O Supremo Tribunal Federal (STF) agendou para esta quarta-feira (5) uma audiência sobre a letalidade policial no Rio e deve analisar o episódio dentro de um contexto mais amplo de violência em comunidades e políticas de segurança pública.

Com a repercussão internacional do caso e o posicionamento de Lula, cresce a pressão para que o governo federal assuma papel ativo na investigação e cobre explicações do estado sobre o número recorde de mortes.

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