A tensão no entorno de Jair Bolsonaro (PL) ganhou novo capítulo após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou policiamento reforçado e monitoramento permanente da casa do ex-presidente, em Brasília. Cumprindo prisão domiciliar desde 4 de agosto, Bolsonaro agora vive sob vigilância 24 horas da Polícia Penal do Distrito Federal.
A medida, solicitada pela Polícia Federal e pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), visa evitar risco de fuga para a embaixada dos Estados Unidos, localizada a poucos minutos da residência do ex-presidente. O local é considerado território americano, o que dificultaria o cumprimento de qualquer mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira.
Nas redes sociais, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro reagiu com desabafo carregado de religiosidade. “A cada dia que passa, o desafio tem sido enorme: resistir à perseguição, lidar com as incertezas e suportar as humilhações. Mas não tem nada, não. Nós vamos vencer. Deus é bom o tempo todo, e nós temos uma promessa”, escreveu.
Apesar da mobilização de apoiadores e do tom messiânico do discurso de Michelle, a realidade do ex-presidente se estreita: ele segue proibido de usar celular, de receber visitas não autorizadas e de se comunicar fora dos canais determinados pela Justiça. Réu em processo que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Bolsonaro vive o cerco político e jurídico mais severo desde que deixou o Planalto.
Para aliados, as medidas impostas por Moraes reforçam o roteiro de uma perseguição sem precedentes a um ex-presidente brasileiro: Bolsonaro, que já enfrenta dezenas de processos, agora é tratado como inimigo político a ser neutralizado a qualquer custo. Entre tornozeleiras eletrônicas, vigilância permanente e restrições de liberdade, seus apoiadores enxergam não apenas punição judicial, mas um movimento calculado para sufocar de vez qualquer possibilidade de retorno político.