Uma das quatro cidades do Amazonas em situação de emergência por causa da seca, São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, começou a receber esta semana o socorro emergencial da Defesa Civil do Estado. Neste sábado, 19 de março, o governador José Melo fez a entrega de cestas básicas, água potável e mantimentos na comunidade Amazonino Mendes.
Famílias de 20 comunidades do município já foram contempladas. Ainda durante a viagem ao município, o Melo entregou um ônibus para um assentamento indígena.
Técnicos da Defesa Civil do Amazonas deram inicio na última terça-feira, 15 de março, a distribuição de ajuda humanitária em São Gabriel da Cachoeira às famílias de índios e não índios afetadas pela estiagem. A ação atende a todos que foram previamente cadastrados, e que estão em área de desastre, e ocorre simultaneamente no município de Barcelos.
“A seca bastante intensa nessa região causou muito prejuízo para a população. Estamos ajudando aos nossos irmãos do interior que tiveram sua situação comprometida e, entre tantas dificuldades, não puderam mais pescar. Estive nessa etapa cumprindo a entrega desse auxílio, mas é um trabalho intenso que segue nos quatro municípios em situação de emergência. Aqui em São Gabriel, nossos barcos estão correndo pelas comunidades ribeirinhas para levar mais socorro”, afirmou o governador.
Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro também estão sendo atendidos nesta fase de trabalho da Defesa Civil do Amazonas. Em Presidente Figueiredo, a ação de socorro já foi concluída.
Para São Gabriel da Cachoeira, que tem 3.146 famílias afetadas, foram destinadas 20 toneladas cestas básicas, além de água potável, caixas d´àgua de 500 ml, mangueiras, hipoclorito de sódio, kit´s de medicamentos, mosquiteiros e redes. Indígena da etnia Baniwa, Antônia Silva, 70, disse que a seca impôs dificuldades como a perda da produção e o isolamento. “A situação melhorou, mas vivemos momentos difíceis”, resumiu, ao receber cesta básica ao lado da neta Raquel Braga, 22 anos.
“Foi difícil. Ficamos sem água, as plantas morreram e as coisas ficaram muito caras por quê o rio estava baixo. Nossos produtos não saíram também, perdemos nossa produção de mandioca e melancia e o que ficou enfrentamos muita dificuldade de levar para vender”, relatou Raquel.
Alguns indígenas que foram beneficiados estão em abrigos localizados na sede de São Gabriel e são das etnias Baniwa, Wanano, Tucano e Dessana. “Já atendemos 20 comunidades e ainda falta chegarmos no Alto Rio Negro em comunidades como São Joaquim. A seca aqui teve forte influência do El Niño. Estamos enfrentando essa dificuldade em todo o Rio Negro, que está muito baixo e prejudicando bastante a navegabilidade”, informou o sargento Mamede Silva Ramos, que está coordenando o trabalho da Defesa Civil na cidade.
Segundo o prefeito de São Gabriel da Cachoeira, Renê Coimbra, as perdas na plantação e o isolamento causado pelo baixo nível dos rios causam prejuízos sociais enormes, principalmente, porque a maior parte da atividade produtiva é de subsistência. “Este ano foi a maior estiagem de todos os tempos que atingiu todo o Alto Rio Negro. Temos distritos que ficaram isolados, por via fluvial, não tinha como passar barcos, rabetas e isso acarretou um grande problema social. Os ribeirinhos não conseguiam descer para resolver seus problemas, nem escoar os seus proventos”, disse.
Balanço 2016
Situação de Emergência/ estiagem
1-Presidente Figueiredo- calha do Negro – status: atendido
2-Santa Isabel do Rio Negro- calha do alto rio Negro– status: em atendimento
3-São Gabriel da Cachoeira- calha do alto rio Negro– status: em atendimento
4- Barcelos- calha do alto rio Negro– status: em atendimento