A quatro dias da entrada em vigor da tarifa de 50% imposta por Donald Trump contra produtos brasileiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta segunda-feira (28), um plano de contingência para proteger os setores mais afetados. A medida, considerada emergencial, foi elaborada em conjunto com a Casa Civil, Itamaraty e os ministérios do Desenvolvimento e da Indústria.
Apesar do risco iminente, o governo brasileiro mantém o discurso de aposta no diálogo. “O foco do Brasil é negociar. Não sairemos da mesa”, afirmou Haddad, após reunião com Lula, em Brasília. A expectativa do governo é que os Estados Unidos respondam às comunicações diplomáticas antes da próxima sexta-feira (1º), quando a tarifa deve entrar oficialmente em vigor.
O plano de contingência contempla medidas de suporte a empresas exportadoras brasileiras, mas os detalhes ainda não foram divulgados. Segundo o ministro, a estratégia dependerá da efetivação ou não da nova política tarifária de Washington.
Desde o anúncio do tarifaço, o governo intensificou a tentativa de interlocução com autoridades norte-americanas, mas enfrenta resistência. As conversas, segundo Haddad, têm ocorrido apenas em nível técnico e sem envolvimento direto da gestão Trump, que classifica como “centralizadora”.
O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, também atua nas negociações e mantém contato reservado com os EUA. “Independentemente da decisão americana, o Brasil permanecerá aberto ao diálogo”, reforçou Haddad.
A medida americana pode gerar impactos significativos na economia brasileira, sobretudo no agronegócio e na indústria de base. Caso o plano de negociação fracasse, Lula deverá decidir, ainda esta semana, se aciona o plano de resposta comercial e diplomática contra os EUA.