Tecnologia desenvolvida pelo Instituto Mamirauá foi levada para comunidade em reserva no Amazonas. Manejo e comercialização de jacarés na região está prevista para o ano que vem
Uma equipe do Instituto Mamirauá acompanhou, no início de setembro, a chegada da Planta de Abate Remoto (PLANTAR) à comunidade de São Raimundo do Jarauá, na Reserva Mamirauá, localizada no estado do Amazonas. A estrutura é um abatedouro flutuante projetado por uma equipe multidisciplinar do instituto para viabilizar o manejo de jacarés na região, conforme as disposições sanitárias brasileiras. A construção dessa estrutura só foi viável graças ao apoio da Fundação Gordon and Betty Moore.
Confira cenas da chegada do flutuante na comunidade ribeirinha:
O projeto surgiu em resposta ao interesse de populações tradicionais e do governo estadual e dos pesquisadores do IDSM, para a implementação de um sistema comunitário de aproveitamento de jacarés, como uma estratégia de manejo e conservação dos animais. Pensando nas particularidades dos rios da Amazônia, o Instituto Mamirauá projetou uma estrutura que atendesse, ao mesmo tempo, as condições logísticas e sanitárias para o abate. A estrutura se caracteriza pelo baixo impacto ambiental graças à implementação de tecnologias sustentáveis de baixo custo ambiental.
O PLANTAR saiu na quarta-feira (5) da cidade de Tefé (AM) onde foi construído, e chegou à comunidade na manhã da sexta-feira (7). A estrutura pertence ao Instituto Mamirauá, e será utilizada pela Associação de Produtores do Setor Jarauá (APSJ), em acordo estabelecido por Termo de Cooperação Técnica entre ambas instituições.

Conheça o Plantar, tecnologia que vai tornar realidade o manejo sustentável
Com 112 m² de área, feita de metal, o PLANTAR é um abatedouro flutuante desenhado para realizar o abate de jacarés e pré-beneficiamento da sua carne. A estrutura conta com a utilização de energia solar e tecnologia para a captação da água da chuva. Se necessário, a base está aparelhada para recolher e tratar também a água do rio, garantindo os parâmetros sanitários. Os efluentes provenientes da atividade também serão devidamente tratados.
“A estrutura irá auxiliar no processo de manejo e ajudar bastante as comunidades. É uma estrutura experimental e a ideia é conseguir replicar essa estrutura com tecnologias que sejam mais acessíveis”, explica Barthira Rezende, pesquisadora do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Jacarés. O Instituto Mamirauá é uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Também participaram da entrega do PLANTAR João Paulo Borges Pedro, Responsável Técnico pelo Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais, e Paula Araujo, médica veterinária Responsável Técnica pela PLANTAR.
O que é o manejo de jacarés?
Parece difícil de acreditar, mas a comercialização de forma sustentável da carne de jacarés pode ajudar a conservar as espécies na Amazônia. Além de gerar uma fonte de renda alternativa para as comunidades, a atividade tem o potencial de engajar as pessoas que vivem próximas aos jacarés amazônicos na causa da conservação das espécies.
O uso de jacarés é uma atividade tradicional na região amazônica. Com um histórico recente de exploração das espécies de jacarés amazônicos com início na década de 1950 até o final da década de 1970. Nos anos de 1980 o jacaré-açu chegou a ser considerado ameaçado de extinção, mas pesquisas mais recentes apresentaram um panorama diferente.







































































