Em noite de rituais e encantados, Caprichoso reforça elo com tradições amazônicas

Espetáculo evocou lendas, sabedoria popular e espiritualidade indígena como expressão de resistência cultural.
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Alex Pazuello/Secom

Em uma noite marcada por espiritualidade, memória ancestral e exaltação dos povos originários, o Boi Caprichoso abriu a segunda noite do 58º Festival de Parintins, neste sábado (28), com o tema “Kizomba: Retomada pela Tradição”. A apresentação, que reuniu elementos das culturas negra e indígena da Amazônia, foi mais do que espetáculo: foi ato político e cultural de afirmação identitária.

Foto: Alex Pazuello/Secom

A primeira alegoria trouxe à arena a figura dos Marandoeiros e Marandoeiras da Amazônia, personagens típicos que perpetuam histórias e saberes por meio da oralidade. A homenagem à tradição oral amazônica foi assinada pelos artistas Márcio Gonçalves e Nildo Costa e abriu caminho para uma sequência de quadros que evocaram mitos e rituais da floresta.

Um dos momentos de maior impacto foi a dramatização da lenda de Sacaca Merandolino, o Encantado de Arapiuns. A narrativa do curandeiro que se torna guardião das águas escuras do rio Arapiuns foi desenvolvida pelo artista Alex Salvador e emocionou o público.

Foto: Alex Pazuello/Secom

A apresentação do ritual indígena “Musudi Munduruku – A Retomada dos Espíritos” reforçou o caráter espiritual da noite. A alegoria, de Kennedy Prata, trouxe à arena o pajé Erick Beltrão e celebrou a resistência do povo Munduruku. A proposta dialoga com os debates atuais sobre direitos indígenas e preservação cultural, em meio a crescentes pressões sobre a floresta.

Responsável por levantar a torcida azulada, o levantador de toadas Patrick Araújo emocionou ao interpretar a canção Sensibilidade, que mobilizou arquibancadas e galera. “É um trabalho de longo prazo. Hoje, o Caprichoso preparou mais um grande show em busca do título de tetracampeão”, disse.

Entre os destaques cênicos, a Rainha do Folclore surgiu com protagonismo em uma das alegorias, reforçando o caráter visual do espetáculo que mescla teatro, dança e música em um dos maiores eventos culturais do Norte do país.

O festival segue neste domingo (29) com a terceira e última noite de apresentações no Bumbódromo, onde será definido o campeão de 2025.

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