MANAUS (AM) – O Papa Francisco presidiu no dia (27.08), sábado, no Vaticano, a cerimônia de posse dos 20 novos cardeais da Igreja Católica, dos quais dois são brasileiros: o arcebispo Metropolitano de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, e o de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa. A cerimônia de nomeação,conhecida como Consistório Ordinário Público, foi realizada na Basílica de São Pedro.
De formação Franciscana, ele nasceu no dia 06 de novembro de 1959, em Forquilhinha, Santa Catarina. Ingressou na Ordem dos Frades Menores (OFM) em 1972, estudou Filosofia e Teologia nos Franciscanos de Petrópolis sendo ordenado sacerdote em 21 de janeiro de 1978, pelo seu primo cardeal Paulo Evaristo Arns.
Steiner é bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena e teve Licenciatura e Doutoramento em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, de Roma. De 1995 a 2003 foi Professor de Filosofia e Secretário do Antonianum. Em 2 de fevereiro de 2005 foi nomeado bispo para Prelazia de São Félix do Araguaia (MT).
Foi nomeado pelo Papa Francisco arcebispo de Manaus, em 27 de novembro de 2019, ocupou por oito anos a direção geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e faz história nomeado em 29 de maio deste ano,
como o primeiro cardeal da região amazônica brasileira a tomar posse no Colégio Cardinalício.
Antes da posse, Steiner concedeu entrevistas aos jornalistas presentes na Sala de Imprensa da Santa Sé.“As comunidades da Amazônia são muito agradecidas, todas muito alegres por essa nomeação. Esse é um sentimento que eu carrego, de gratidão, não como uma questão pessoal, mas de estar a serviço da Igreja na Amazônia”, disse Dom Leonardo Steiner.
Dom Leonardo é também chamado de Cardeal da Floresta, pelo seu relevante trabalho na luta pelos direitos dos mais pobres, reconhecido pelo Papa Francisco por atuar no combate às injustiças e crimes, as necessidades das pessoas excluídas e sobretudo em defesa constante dos povos indígenas e das comunidades ribeirinhas, cuidando e cultivando uma semente de esperança em cada olhar sofredor.
Ele vai ao encontro das pessoas que necessitam e que precisam, é comum encontrar Dom Leonardo distribuindo alimentos para os moradores de rua na capital do Amazonas, principalmente nas periferias esquecidas pelos gestores.
Fiel e praticante da palavra de Deus, ele não se omite diante do governo, em sua caminhada admirável de evangelização, o religioso segue denunciando os graves impactos que sofre o bioma amazônico, em consequência do desrespeito pelas leis e princípios ambientais.
O Cardeal da Amazônia afirma que o sofrimento dos povos originários não é apenas com a questão do garimpo: é o avançar em cima dessas terras, fazendo com que eles se sintam cada vez mais agredidos.
“O bioma são todos os elementos e micro-organismos que estão presentes. Então, na medida em que nós vamos destruindo as matas, devastamos toda a fauna e a flora. Vamos destruindo o habitat dos povos originários, se nós continuarmos assim, a Amazônia não tem futuro”, esclareceu Steiner.
A Amazônia tem voz, e fala aos mais necessitados, disposto a ajudar incansavelmente o Santo Padre, Dom Leonardo assegura que vai tentar levar adiante a proposta do Papa Francisco descrita no texto da “Laudato Si’’ e sobre a “Querida Amazônia”. Em junho desde ano, Steiner, pediu que cuidemos da Amazônia, durante o IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal.
“Que cuidemos da nossa Amazônia, cuidemos da nossa Casa Comum, não deixemos que a destruam. A nossa Casa é o lugar da nossa vida, é o lugar do nosso encontro, é o lugar das nossas famílias, o lugar da nossa sociedade e da Igreja. Que especialmente saibamos cuidar dos povos, saibamos respeitar as culturas e os povos originários e que como Igreja possamos ser uma presença cheia de esperança”, advertiu Leonardo.
Steiner expressou que o seu sentimento é de gratidão, e que vai ser um pouco da voz do Papa Francisco na Amazônia, se alegra em participar intensamente da construção dessa Igreja, que deseja ser uma Igreja cada vez mais missionária, mais presente, uma Igreja cada vez mais viva.
“Quero ser um pouco da voz de Francisco penso que preciso ecoar no mundo inteiro dois aspectos: Primeiro a nossa preocupação: os bispos estão preocupados com a situação da Amazônia. O momento é de tensão, possui agressões e mortes. Segundo a beleza da Amazônia: a generosidade de um povo acolhedor e profundamente religioso” destacou Dom Leonardo.
Ele recordou que o Papa Francisco enviou uma carta logo após o sínodo, relatando a sua crescente preocupação sobre a questão da Amazônia, ele diz que espera poder ajudar a implementar os quatro sonhos que o Papa mencionou na carta:
“O Papa tem quatro sonhos que são muito importantes para a nossa região, e que envolvem justamente a questão do meio ambiente e a questão dos povos originários. Eu espero poder contribuir para que esses sonhos do Papa Francisco, que são quatro se realizem: sonho ecológico, sonho social, sonho cultural e eclesial”, revelou o cardeal da Amazônia.
O Cardeal da Amazônia ressaltou que o Papa Francisco tem um carinho especial pela Amazônia: “O Papa Francisco tem o coração dele ligado à Amazônia e posso dizer isso, pois em tantos encontros sempre perguntava pela Amazônia. É um gesto de carinho para com as nossas igrejas que estão na Amazônia e todo o trabalho que a Igreja Católica tem desenvolvido aqui na nossa região. Nós somos agradecidos por isso”, disse Dom Leonardo em entrevista.
A nomeação de Dom Leonardo. era esperada pela sua luta, empenho e ênfase dada às questões ambientais durante o papado do Papa Francisco. Dentro da instancia da igreja cardeal da Amazônia, é aquele que vai ser consultado pelo Papa para uma realidade específica, um conselheiro que ajuda o papa a governar, a exercer esse grande mandato.
O novos cardeais são membros ou consultores de um ou mais Dicastérios da Cúria da Santa Sé, que é o organismo de ajuda e colaboração corresponsável de ajuda ao Papa. Diversos cardeais são colaboradores próximos ao Papa, como chefes de Dicastérios, membros do Conselho de Cardeais e de outros organismos da Cúria e da Santa Sé.
Em entrevista aos Franciscanos, Dom Leonardo Steiner, afirmou que as tarefas, como tal, ainda deverão vir em termos de compromissos com dicastérios. Vai depender do Santo Padre. Mas o compromisso mais próximo é essa confiança que ele deposita na minha pessoa, representando assim a Amazônia, de ser alguém que possa colaborar com ele no seu ministério, como ele falou” finalizou Steiner.
Aos 85 anos, e com a saúde debilitada, o Papa Francisco revelou em julho após retornar de uma extensa agenda no Canadá, a possibilidade de sua renúncia por conta de seu estado de saúde, ele sente dores no joelho e apresenta dificuldades de mobilidades provocadas por diversos problemas de saúde.