Diretor do Hospital Francisca Mendes explica que todos os procedimentos necessários foram realizados na cirurgia do paciente de três meses

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FOTO: BRUNO ZANARDO/SECOM


O diretor técnico do Hospital Francisca Mendes, doutor Mariano Terrazas, esclareceu, durante entrevista coletiva, nesta sexta-feira (20/12), as condições em que foi realizado o procedimento cirúrgico do paciente Ícaro Davi de Castro Ferreira, de três meses, cardiopata e portador de Síndrome de Down, que morreu em decorrência de uma hemorragia pulmonar ontem (19/12).

Ao lado do governador Wilson Lima e do titular da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Terrazas frisou o controle interno rígido de segurança do paciente, aplicado pela equipe do hospital. “O Ícaro, quando foi, na segunda-feira (16/12), para a sala de cirurgia, saiu direto da UTI neonatal para a sala de cirurgia. Os cirurgiões começaram a fazer os acessos para a anestesia e perceberam que o aparelho de anestesia começou a apresentar um problema na sequenciação da ventilação. Então, nós interrompemos o procedimento. Não começamos a fazer o procedimento porque não havia segurança”, afirmou o diretor.

O paciente retornou para a UTI neonatal, onde permaneceu sob os cuidados da equipe especializada até a quarta-feira (18/12), quando foi levado novamente à sala de cirurgia, já com o aparelho de anestesia em pleno funcionamento.

“Isso é o normal e isso é o que tem que ser feito. Detectou o problema no aparelho de anestesia, interrompe o processo e o bebê volta, até que consertem o aparelho. Ele vinha já na UTI, continuou mais dois dias na UTI e retornou, e aí foi operado com segurança. Antes de realizar os procedimentos, a gente vê se está tudo funcionando e se tem tudo que nós vamos necessitar à disposição”, observou Mariano Terrazas.

Complicações – O diretor técnico enfatizou que Ícaro apresentava uma cardiopatia complexa. “Essa criança tinha má formação de duas válvulas cardíacas. Não existiam as duas válvulas cardíacas e existia uma comunicação ampla entre o lado direito e esquerdo do coração, fazendo a mistura constante do sangue venoso com arterial. Essa criança tinha 3kg, baixo peso, e precisou ser preparada pela equipe de cardiopediatras”, disse o médico.

Ele reforçou que todos os cuidados necessários foram direcionados ao paciente. “Houve um trabalho permanente em cima dessa criança. É um trabalho delicado que não é feito só pelos pediatras, mas também pelas enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, no sentido de esta criança ganhar peso e ter condições de enfrentar uma cirurgia deste porte, sendo um bebê tão pequeno”.

Mariano Terrazas frisou, ainda, que uma hemorragia pulmonar ocasionou a morte. “Às vezes, a criança não tem, organicamente, suporte para aguentar quatro horas de circulação extracorpórea. Foi o que aconteceu com essa criança, ela foi operada, foi corrigida a cardiopatia congênita e, no final da cirurgia, ela começou a ter uma coagulopatia, provavelmente decorrente de uma circulação extracorporea prolongada que foi preciso fazer; e ela teve hemorragia pulmonar, que veio ocasionar o seu óbito”, explicou o diretor, ao afirmar que todos os recursos foram empregados no tratamento.

Complexidade – Mariano Terrazas afirmou que este tipo de cirurgia, aplicada em casos de cardiopatias congênitas complexas, é realizado no Brasil em menos de dez instituições, de norte a sul, já que a maioria dos hospitais realiza procedimentos de média complexidade. Ele pontua que maioria dos pacientes escolhe ser operado no Hospital Francisca Mendes.

“O Francisca Mendes é um centro de referência do SUS para a alta complexidade de cirurgia cardiológica, vascular, cardiovascular, hemodinâmica e processos intervencionistas, eletrofisiologia e marca-passo. Quando ele recebe essa denominação, quer dizer que este hospital é a referência para toda a Região Norte. Os pacientes não querem operar em outro lugar. Eles querem operar no Francisca Mendes, porque é um hospital público diferente. É um hospital que trata com humanização o paciente”, disse o diretor técnico.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, destacou que questões como falhas na atenção básica que inviabilizam um pré-natal bem feito, também contribuem para o nascimento de bebês com problemas cardíacos.

“A questão da cardiopatia congênita somente é identificada na gravidez ou assim que a criança nasce. Muitas das crianças que nós recebemos no Francisca Mendes, a mãe não teve um pré-natal adequado. Às vezes, nem teve a oportunidade de ter o pré-natal. Então, é resultado de uma atenção básica, uma atenção primária muito deficitária”, disse o governador.

Ele apontou que o problema colabora para uma sobrecarga na rede estadual. “Eu pedi para fazer um levantamento lá do Delphina Aziz, e acreditem, 80% dos atendimentos que são feitos lá deveriam ser atendidos pela atenção básica, que não é de responsabilidade do Estado, mas nós não podemos negar atendimento e atendemos essas pessoas, e naturalmente que o Estado acaba ficando sobrecarregado com essa atenção básica que deixa de ser dada”, concluiu Wilson Lima.

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