Braga Netto chama Mauro Cid de “mentiroso” durante acareação no STF, diz advogado

Militares se enfrentam por mais de 1h30 em audiência fechada sobre tentativa de golpe; defesa do general contesta delação e critica ausência de gravação
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Foto: Ton Molina/STF

O general da reserva Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, ambos réus na ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, ficaram frente a frente em uma acareação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã desta terça-feira (24). Durante o encontro, que durou cerca de uma hora e meia, Braga Netto chamou Cid de “mentiroso” por duas vezes, segundo relato de sua defesa.

A audiência foi realizada a pedido dos advogados de Braga Netto, que tenta anular a delação de Cid e sustenta que as acusações feitas contra ele — como repasse de dinheiro para financiar o golpe e participação em reuniões conspiratórias — são falsas. A defesa do general ainda criticou o fato de o procedimento não ter sido gravado, o que, segundo ela, violaria garantias processuais da defesa.

“A prerrogativa da defesa foi violada”, afirmou José Luis Oliveira Lima, advogado do general. “É uma pena que isso não tenha sido gravado para que todos vissem a postura do Cid, que permaneceu com a cabeça baixa e não respondeu à acusação.”

Por outro lado, o advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, afirmou que seu cliente “respondeu a todas as perguntas” e que “não houve novidades” no depoimento. “O Cid repetiu o que já tinha dito. Acareação é assim mesmo”, minimizou.

 Versões conflitantes

Entre os principais pontos de divergência estão duas acusações feitas por Cid em delação premiada. A primeira é de que Braga Netto teria lhe entregado R$ 100 mil em uma sacola de vinho para financiar ações do golpe. A segunda, que reuniões com planos para monitorar e assassinar autoridades, conhecidas como “Punhal Verde e Amarelo”, teriam ocorrido na casa do general. Braga Netto nega ambas.

A acareação ocorreu em sessão fechada, com presença apenas dos réus, seus advogados, o ministro Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e advogados de outros seis réus da mesma ação. O ministro Luiz Fux também participou da audiência, já que integra a Primeira Turma do STF, responsável pelo julgamento do caso.

Uma ata da audiência será anexada ao processo, mas, por decisão de Moraes, a gravação não será divulgada.

Segunda acareação em andamento

Após a sessão entre Cid e Braga Netto, teve início outra acareação, desta vez entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A iniciativa partiu da defesa de Torres, que busca confrontar pontos considerados contraditórios no depoimento de Gomes — que não é réu, mas figura como testemunha-chave.

Braga Netto está preso preventivamente desde dezembro de 2024, acusado de tentar obstruir as investigações e acessar ilegalmente trechos da delação de Cid. A ação penal, que envolve também o ex-presidente Jair Bolsonaro, deve ter desfecho com julgamento da Primeira Turma do STF, composta por Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

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