A condenação histórica de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) acendeu um debate explosivo no meio político. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher no governo bolsonarista, declarou que o ex-presidente “corre risco de morte”caso seja transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Em entrevista, Damares descreveu um cenário dramático sobre o estado de saúde de Bolsonaro, que estaria fragilizado desde a facada sofrida em 2018. “Em cima da mesa dele tem uma caixa de remédio. Aquele intestino só funciona com remédios que são tomados na hora certa. Você acha que no presídio alguém vai lembrá-lo da hora do remédio? Um senhor de 70 anos, como Bolsonaro, é extremamente distraído”, disse.
A senadora ainda citou crises de soluço, problemas respiratórios e restrições alimentares que, segundo ela, tornariam a prisão em regime fechado uma “sentença de morte antecipada”. “Se ele for para o regime fechado, o corpo dele não vai aguentar. A alimentação dele é extremamente delicada. É a Michelle quem prepara a comida dele”, afirmou, referindo-se à ex-primeira-dama.
Na quinta-feira (11/9), por 4 votos a 1, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O ex-presidente já cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto, mas a decisão prevê o cumprimento da pena em regime fechado.
A defesa classificou a sentença como “absurdamente excessiva e desproporcional” e prometeu recorrer em todas as instâncias, incluindo tribunais internacionais.
O alerta de Damares trouxe combustível para uma discussão que deve incendiar Brasília nos próximos dias: até que ponto as condições de saúde de Bolsonaro justificariam um tratamento diferenciado? Enquanto apoiadores afirmam que o STF estaria “empurrando o ex-presidente para a morte”, críticos apontam para uma tentativa de blindagem política travestida de preocupação humanitária.
Seja qual for o desfecho, o julgamento já entra para a história como a primeira condenação de um ex-chefe de Estado brasileiro a uma pena tão severa. E agora, com a pressão pública em torno da saúde de Bolsonaro, o STF enfrenta não só a responsabilidade jurídica, mas também o risco de transformar o ex-presidente em mártir político.