MANAUS- AM | A Paz entre as nações presa pelo direito e respeito entre as diversas culturas e religiões existentes no mundo. Segundo o Papa Francisco “Diálogo inter-religioso e convívio, é sempre uma missão possível, em um momento em que toda a Igreja quer crescer na sinodal idade tendo como paradigma da espiritualidade do Concílio a Parábola do “Bom Samaritano”, segundo a qual o rosto de Cristo se encontra no rosto de cada ser humano, especialmente do homem e da mulher que sofrem”.
Da série de reportagens de pessoas que nos inspiram através de suas ações solidárias, vamos conhecer a história de Maria Francisca, (Mãe Maria de Jacaúna), nasceu em 13 de novembro de 1958, em Porto Velho, capital de Rondônia, chegou à Manaus em 1971, trabalha com reciclagem, com o cultivo de plantas e ervas medicinais que são cultivadas e colhidas em seu sítio localizado no ramal do Brasileirinho. O Centro espírita de Maria de Jacaúna é o Terreiro Nossa Senhora da Conceição situado na Travessa Coronel Bolsinhas n.° 3, no Bairro do Zumbi dos Palmares I, na zona leste de Manaus.
Com mais de 40 anos de dedicação espiritual, a história de Mãe Maria de Jacaúna, inicia com assentamentos e todas as orientações do Pai João do Sibamba, que faleceu há quatro meses: “foi ele que me ensinou tudo o que sei, os banhos, a botar as cartas, tudo de bom que aprendi foi com o Pai João, disse Maria.
Papa Francisco disse que a caridade é o dom, que dá sentido à nossa vida, o pouco, que temos se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade, foi o que aconteceu com Maria, ela precisava ajudar, mas não sabia como.
“Meus guias sempre me orientaram dizendo, você precisa ajudar quem precisa, eu me perguntava, como que vou ajudar, se eu não tenho como. Depois surgiu a ideia de fazer remédios, o chá, a ideia de começar a fazer a minha plantação, porque tudo o que faço, são das minhas plantações, nada meu é comprado tudo é natural’, relata a religiosa.
A caridade é um dom independente da religião, é uma virtude, assim movida por esse sentimento de amor ao próximo, para ajudar a Pastoral do Povo de Rua, por meio da Casa de Acolhida Dom Sérgio Castriani, na zona Centro-Sul de Manaus, Mãe Maria de Jacaúna vai às feiras para pedir doação de verduras, e todos os ingredientes para o preparo do alimento, ela faz a distribuição de sopa quentinha, no Hospital Platão Araújo, e para o povo em situação de rua no centro de Manaus na Igreja dos Remédios e na Catedral.
As ações, solidárias de Maria, abrangem os interiores do estado, em dias de Cosme Damião, ela distribui brinquedos, doces, lanches e faz doação de cesta de alimento, no Careiro Castanho, onde o deslocamento é através de balsa. A distribuição também é realizada no ramal do Brasileirinho e no bairro Puraquequara, Maria fica emocionada, ao relatar a gratidão das pessoas que são beneficiadas.
“Eu fico muito feliz, porque muitos olham para mim e dizem: é a minha primeira refeição Mãe Maria, ficamos felizes em entregar uma sopa um lanche, aquelas pessoas, olham para você e dizem: Deus te abençoe, é muito gratificante. “diz Maria
O povo católico recebe muito bem a Mãe Maria de Jacaúna, ela é acolhida nas Igrejas Matriz Nossa Senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro, durante os festejos da Padroeira do Amazonas.
Com o diálogo Inter-religioso, e respeito recíproco é possível que as religiões possam conviver em fraternidade, Maria de Jacaúna também participa dos festejos de São Sebastião em 20 de janeiro.
“Se todo mundo se respeitasse e se desse às mãos, faríamos, um bom trabalho, todos deveriam segurar um, na mão do outro e seguir um caminho só, ajudar quem precisa”, afirmou Maria
A religião vem para unir as pessoas com Deus, mas é preciso atitude de acolhida, a Igreja Católica respeita e abraça Maria e todos do Terreiro de Umbanda Nossa Senhora da Conceição.
“Eu fico gratificante, fico muito feliz quando eu vou à Matriz e a igreja de São Sebastião e sou bem recebida, agora na Igreja do São José fiquei tão entusiasmada, fui bem recebida, fui bem tratada, a gente sempre está esperando coisas boas da igreja Católica, eu tenho muito a agradecer os padres as freiras e pedir muita saúde para eles”, declarou Mãe Maria.
Foi no Terreiro da Mãe Maria de Jacaúna, no bairro Zumbi dos Palm47ares, que iniciou o projeto Festival Afro-Ameríndio em 2021, que está em sua 2º Edição, o projeto é idealizada por mulheres negras periféricas do Coletivo Ponta de Lança, é gratuito e tem como proposta combater o racismo, a intolerância religiosa e proporcionar visibilidade e empoderamento a diversas manifestações culturais presentes nos territórios urbanos da capital amazonense.
Há mais de quarenta anos, ela realiza uma homenagem anual a Iemanjá́, na Praia da Ponta Negra em Manaus no Amazonas, é uma tradição de seu Terreiro que é feita na virada do ano.