Atividades no Largo de São Sebastião chama atenção para a saúde mental

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Música, dança, arte, sorrisos. Assim foi comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado na tarde de sábado, 10, no Largo de São Sebastião.
FOTO MARINHO RAMOS- SEMCOM (9)
A data foi criada em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental com o intuito de chamar a atenção pública para a causa e identificá-la como uma luta comum a todos os povos, além das barreiras nacionais, culturais, políticas e sócioeconômicas.
De acordo com a gerente da Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Efthimia Haidos, a iniciativa além de comemorar a data, uniu ainda mais os militantes envolvidos diretamente com a causa. “Fizemos uma bela comemoração pelo Dia Mundial da Saúde Mental. Um trabalho intersetorial, que fortaleceu a nossa rede: Semsa, Secretaria Estadual de Saúde (Susam), trabalhadores, professores, estudantes, usuários e familiares”, avaliou. Para ela, a saúde mental deve ser tratada como prioridade. “Sem saúde mental, não há saúde!”, reforçou.
Ao som do maracatu, um grupo de pacientes e profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Silvério Tundes, localizado no bairro Santa Etelvina, zona Norte, animou os presentes. A atividade, segundo a diretora da unidade, Raimunda Gomes, começou como uma terapia para integrar os pacientes e hoje o ‘Quebra-Muros’ – nome que sugere a quebra de preconceitos – possui composições próprias e faz apresentações além do bairro. “Todos nós somos passivos de ser acometidos de transtornos mentais. Ninguém está blindado. Um trauma, uma perda, pode desencadear o sofrimento psíquico”, alertou a diretora, reforçando que cultivar bons hábitos e relacionamentos pode ajudar a evitar danos maiores.
Para um dos pacientes e integrantes do Maracatu Quebra-Muros, José Maria Martins (nome fictício), essa inclusão por meio da arte representou mudança no estilo de vida que levava. “Quando comecei a ver imagens estranhas e ouvir vozes sofri muito. Depois fui diagnosticado com esquizofrenia paranoide e comecei a me informar sobre a doença. Isto fez toda diferença, pois me permitiu conhecer e tentar contorná-la. Participar das atividades no CAPS permite que eu me expresse por meio da arte. Já participei de eventos nacionais ligados à saúde mental, conheci artistas que me inspiram e tive oportunidade de apresentar minhas composições”, comentou, orgulhoso, referindo-se às mais de 98 músicas que fez para o grupo, desde a criação há quatro anos.
Memórias da Loucura
Ainda como parte da programação, um desenho intitulado ‘Nau dos Insensatos’ foi produzido de forma colaborativa pelos participantes, em uma grande folha de papel madeira. A obra fará parte da exposição ‘Memórias da Loucura’, que foi aberta ao público, no início da noite, na Galeria do Largo, também como parte dos eventos relacionados à Semana da Saúde Mental, que segue até quarta-feira, 14.
Além da ‘Nau dos Insensatos’, a ‘Memórias da Loucura’ conta com vídeos que retratam a história do movimento psiquiátrico com Amazonas – ‘Amazônia dos Viajantes’ (2011), ‘Qual sua Loucura?’ (2014/2015) e ‘Pelo Direito de Endoidecer’ (2015) – e com 45 obras que foram produzidas no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, entre 1986 e 2008, com técnicas de giz de cera e cola colorida.
“Todo esse movimento visa empoderar o profissional da saúde mental para as mudanças necessárias no cotidiano de trabalho. Nós podemos fazer a diferença na vida dos pacientes”, destacou uma das coordenadoras da exposição, Rosângela Aufiero.
Segundo o curador da exposição, Otoni Mesquita, o objetivo da atividade no Eduardo Ribeiro não era revelar talentos artísticos, mas reconstruir pessoas. “Traços, cores e formas espontâneas fez brotar manifestações simplificadas e muito fortes, apresentadas de maneira crua e contundente. Em um primeiro momento, somos levados a ressaltar as tendências mais primitivas dos traços, mas o olhar mais cuidadoso pode revelar estilos e movimentos como o Surrealismo, Fauvismo e Simbolismo. Foram pessoas que, mesmo em condições precárias e em estado de abandono, deixaram suas marcas”, explicou.
De acordo com ele, essa é a segunda vez que a ‘Memórias da Loucura’ fica em exposição na Galeria do Largo. A primeira, há três anos, foi um sucesso. “As novas relações que criamos para realizá-la, permitiram um olhar novo sobre os trabalhos. Nada igual, até a poesia que criei em um outro contexto e que apresento aqui, nas paredes, tem outros significados”, comentou o curador, fazendo uma referência ao texto que acompanha as 45 obras expostas, do início ao fim, também intitulado ‘Nau dos Insensatos’.
A exposição ‘Memórias da Loucura’ vai até o dia 15 de dezembro, com visitação de terça a domingo, das 17h às 21h, na Galeria do Largo, localizada na rua Costa Azevedo, 290 – Centro. Conta com audiodescrição e tradução em braille.
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