Esta é a primeira vez que a companhia amazonense leva o espetáculo ao Nordeste para contar sobre o outro lado da Belle Époque no Amazonas e narrar a trajetória de mulheres prostituídas no período entre 1900 e 1920, como Mulata, Balbina, Antonieta, Soulanger, Laura, Joana, Luiza, Felícia, Enedina, Sarah, Emiliana e Maria.
“É um festival de iniciativa privada muito importante, porque reúne linguagens diversas, e nós fomos escolhidos para somar nessa ação necessária de aproximar Norte e Nordeste”, afirma Taciano Soares, diretor do Ateliê 23 e da montagem premiada. “Temos o privilégio de abrir a programação em um teatro clássico do Brasil, que tem o peso da estrutura que nos lembra o período da colonização e de como é importante decoloniar, isso é de uma relevância fundamental”.
Taciano Soares destaca que existe uma expectativa do elenco e do público cearense que acompanha o trabalho do grupo para a apresentação.
“Conseguimos um alcance fora de Manaus e sempre recebemos mensagens de pessoas de Fortaleza que aguardam o ‘Cabaré Chinelo’ na cidade, além da movimentação de artistas que já assistiram ao espetáculo e se mobilizam para que mais espectadores tenham acesso a obra”, comenta o ator que vive o Kafter em cena.
Intercâmbio
O Noites Brasileiras também oferece ações formativas e, nesta quarta-feira (14/08), acontece o primeiro encontro, com a equipe do Ateliê 23 e do Pavilhão da Magnólia, que tem 18 anos de atuação no Ceará. O momento para troca de experiências vai ter a mediação de Dane de Jade, atriz-pesquisadora e gestora cultural, na Casa Absurda.
“Estamos felizes porque adoramos essas oportunidades, de trocar experiências, possibilidades e estéticas. É enriquecedor, tanto quanto apresentar, porque falamos com nossos pares e ouvimos o que está funcionando e o que não está, compartilhamos a nossa trajetória, é um crescimento”, pontua Taciano Soares.
“Queremos movimentar com intercâmbio, com a apresentação, com expressões de continuidade de alcance do trabalho do Ateliê 23 e do ‘Cabaré Chinelo’, honrando a história dessas mulheres e da equipe que transformou, de forma tão potente, o espetáculo nesse marco do teatro”, completa o artista.
William Mendonça, idealizador e diretor do evento, explica que o festival tem a proposta de reunir uma experiência plural por meio de uma ocupação criativa e democrática com apresentações artísticas e ações formativas para a valorização dos bens culturais.
“O fortalecimento na circulação entre produtos artísticos em nosso País deve ser um investimento contínuo. A cooperação entre povos e territórios trará cada vez mais desenvolvimento sociocultural e potencializará o ecossistema cultural”, declara William Mendonça. “Convidamos o Ateliê 23 para integrar esse lugar de encontros de artistas, plateia e comunidade com toda pluralidade, diversidade e inclusão, uma programação democrática com a motivação de mostrar a riqueza da identidade brasileira”.
Cabaré Chinelo
Inspirada na pesquisa de Narciso Freitas, a peça é considerada um fenômeno pela crítica e pela tradição de ingressos esgotados desde a estreia, em diversas cidades do Brasil. Em temporada há dois anos, o “Cabaré Chinelo” lotou teatros em Manaus e na capital paulista, como Sesc Pinheiros e Teatro B32, além da participação no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto e no 32º Festival de Curitiba.
Com 17 artistas em cena, o elenco conta com Vivian Oliveira, Sarah Margarido, Andira Angeli, Julia Kahane, Thayná Liartes, Emily Danali, Fernanda Seixas, Daphne Pompeu, Daniely Peinado, Ana Oliveira, Bruna Pollari, Allícia Castro, Taciano Soares e Eric Lima, além dos músicos Yago Reis, Guilherme Bonates e Stivisson Menezes.
Em 2023, o Ateliê 23 foi indicado ao 34° Prêmio Shell de Teatro, com o “Cabaré Chinelo”, na categoria “Energia que Vem da Gente”, que premia iniciativas relacionadas ao universo teatral com impacto social positivo.
Com a obra, o coletivo também venceu duas categorias do 22º Prêmio Cenym de Teatro Nacional, da Academia de Artes no Teatro do Brasil, “Melhor Companhia” e “Melhor Figurino”. A peça foi indicada ainda como “Melhor Elenco”.
No 17º Festival de Teatro da Amazônia, realizado em outubro do ano passado, o “Cabaré Chinelo” conquistou três prêmios: “Melhor Espetáculo”, “Direção” e “Melhor Figurino”. A peça foi indicada nas categorias “Melhor Atriz”, com Vivian Oliveira, “Melhor Ator” e “Trilha Sonora”, com Eric Lima.
O “Cabaré Chinelo” é sucesso também nas plataformas digitais. O álbum, lançado em abril, tem mais de dois mil ouvintes mensais, em diferentes streamings de áudio.
Quatro faixas do álbum entraram na playlist viral Manaus: “La Muerte”, “Somos o Cabaré”, “Gaita de Gaivota” e “Lobas”. A música “Eu Sou a Maior”, da personagem Balbina, entrou em mais de mil playlysts desde o lançamento.