Analistas políticos esperam que Lula traga de volta a pedra fundamental de sua política ambiental quando foi presidente passado, entre 2003 e 2010. Era um plano plurianual para reduzir as taxas de desmatamento fortalecendo os órgãos de proteção ambiental, reforçando a aplicação da lei e criando áreas protegidas em locais estratégicos.
Entre 2004 e 2012, o plano ajudou a reduzir o desmatamento em 80%. Se ela tivesse sido mantida, a taxa de destruição da floresta amazônica seria um terço do que é agora, segundo algumas estimativas. Mas o plano foi desmantelado por Bolsonaro – que favoreceu a extração de madeira, mineração e pecuária, às vezes endossando tacitamente atividades ilegais – nos primeiros dias de sua presidência.
O governo Bolsonaro impôs regras a política ambiental, extremamente prejudiciais ao ambiente, ao clima e aos povos indígenas, principalmente da Amazônia, mudar essas regras será um trabalho árduo. Mas uma grande maioria dos votos dados ao presidente Lula, nos leva a ter esperança de um pacto ambiental entre os povos da Amazônia, Natureza e governo.
Há uma pressa, um clamor e um projeto para reconstruir o que está sendo delapidado. Apesar dos eleitores brasileiros terem elegido um dos Congressos mais contrários a políticas ambientais e sociais, como Ricardo Salles e Sergio Moro, podemos confiar nos processos de oposição a projetos de destruição, principalmente reafirmando e dando protagonismos aos movimentos sociais e ecológicos.
Como sociedade civil organizada, devemos exigir melhor participação cidadã e de florestania que façam oposição aos projetos espúrios de legalização da mineração em terras indígenas, de projetos de leis que tornam mais fáceis para as pessoas que se apossaram e desmataram de terras públicas a posse formal da terra.
Gentes vindas de vários rincões do Brasil com mentalidades colonizadoras que vieram para a Amazônia e muitos brasileiros amazônidas, assim como líderes políticos locais apoiam essas ideias. Eles veem as leis atuais como barreiras ao crescimento econômico da região.
O grande desafio de tudo que possa representar o Presidente Lula, exigirá a formulação de propostas alternativas fortes para criar empregos ecologicamente corretos na floresta. Indígenas devem ter mais voz. Lula prometeu criar um ministério para os indígenas, a ser chefiado por um indígena. Ele também apoiou fortemente os indígenas na eleição para o Congresso em outubro. Apenas dois deles conquistaram cadeiras no corpo legislativo, mas esse ainda é o maior número de deputados indígenas da história do Brasil. A inclusão de índios no governo não pode ser estritamente simbólica. A realização dessa ambição pode ser uma vitória para o meio ambiente. Segundo os pesquisadores, os indígenas são gestores altamente eficazes dos recursos naturais. Os lugares onde vivem e administram seus próprios negócios geralmente são mais bem preservados do que as reservas controladas pelo governo com os mais altos níveis de proteção.