Ambiente de trabalho concentra 30% dos casos de racismo no país

Facebook
Twitter
WhatsApp
© Fernando Frazão/Agência Brasil

O ambiente de trabalho é o principal lugar onde ocorrem denúncias de racismo e injúria racial no Brasil em 2025. Um levantamento da plataforma Jusbrasil, que organiza informações legais do país, analisou 4.838 decisões publicadas no período de janeiro a outubro e identificou que 30% delas (1.407) envolvem episódios ocorridos no local de trabalho.

Em 1.113 casos, havia vínculo direto entre empregadores e empregados, ficando atrás apenas das agressões cometidas por desconhecidos, que somaram 1.291 decisões.

“Quando analisamos dados jurídicos públicos de temas relevantes podemos contribuir para ampliar o debate e pautar políticas públicas necessárias para enfrentar problemas sociais como o racismo”, diz Cecília Veloso, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo.

Os dados mostram ainda que os espaços públicos aparecem como o segundo ambiente com mais ocorrências (974), seguidos por estabelecimentos comerciais, que registraram 805 decisões no período analisado.

O levantamento revela que 39,5% das decisões resultaram em condenações na esfera criminal, somando 1.910 casos. A análise foi realizada a partir da base de 7 bilhões de documentos jurídicos públicos.

O estudo utilizou inteligência artificial para tratar palavras-chave, acompanhada por especialistas em informação jurídica. Para a empresa, o acesso a informações estruturadas é fundamental para orientar debates sociais e institucionais sobre discriminação racial e injúria no país.

Os números reforçam a dimensão do problema no Brasil. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 mostra que, em 2024, foram registrados 18,2 mil casos de injúria racial e 18.923 de racismo.

No âmbito legislativo, a Câmara dos Deputados aprovou, em abril de 2025, projeto que aumenta a pena para injúria racial quando o crime é cometido contra mulheres ou idosos. Entre os 1.407 episódios em ambientes de trabalho, 554 vítimas são mulheres, 239 são homens e, em 613 casos, o gênero não pôde ser identificado apenas pela leitura da decisão.

Pelo projeto aprovado, a pena – atualmente de dois a cinco anos, mais multa – poderá ser aumentada de um a dois terços se o crime for cometido contra mulheres ou idosos.

Os dados reunidos, segundo as pesquisadoras, reforçam a necessidade de políticas públicas específicas para enfrentar práticas discriminatórias em ambientes profissionais e outros espaços de convivência no país. A divulgação da pesquisa dialoga com esse esforço e os atos em defesa da população afrodescendente no Brasil, que ganham destaque neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

Por Agencia Brasil
Facebook
Twitter
WhatsApp
Email
Telegram
Print

MATÉRIAS RELACIONADAS

TCE - EM PAUTA

MANAUS

ASSEMBLEIA EM PAUTA

CÂMARA EM PAUTA

SÉRIE O AMAZONAS