A crise da saúde mental, que antes habitava os consultórios e os lares em silêncio, hoje transborda os limites da vida privada e clama por respostas institucionais. O Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), ao lado de outras instituições públicas, vem se posicionando de forma firme e solidária diante desse desafio.
A realização da segunda edição do Corregedoria Day, com o tema “Ambientes Institucionais e Saúde Mental: Caminhos Para o Cuidado”, marca um passo decisivo nessa direção. A iniciativa, idealizada pelo conselheiro Josué Cláudio Neto no âmbito do Comitê Técnico de Corregedorias dos Tribunais de Contas, é mais do que um evento: é um chamado à reflexão e à mudança.
A saúde mental no trabalho, especialmente no setor público, exige atenção multidisciplinar, escuta ativa e, sobretudo, vontade política. Sabemos que ambientes institucionais marcados por sobrecarga, rigidez e competitividade adoecem as pessoas — e o custo disso recai não só sobre os indivíduos, mas sobre a própria eficácia das instituições.
Iniciativas como o Corregedoria Day ganham valor estratégico: elas não apenas humanizam o ambiente de trabalho, como também resgatam o propósito das instituições públicas de servir com empatia e responsabilidade.
A programação do evento desta quarta-feira (7) é reveladora do espírito que nos move. As palestras do psiquiatra Dr. Luiz Eduardo Wawrick Fonseca, do professor e psicólogo Dr. José Humberto da Silva Filho e do gestor público Dr. Adenilson Reis dialogam diretamente com as dores e os potenciais de superação que se revelam em cada servidor.
No plano mais amplo, é preciso destacar que este movimento no TCE-AM converge com outras iniciativas relevantes no Amazonas e na Zona Franca de Manaus. A recém-anunciada Norma N1, que exigirá das empresas um compromisso claro com a saúde mental de seus colaboradores, é um sinal inequívoco de que estamos diante de um novo paradigma institucional.
Promover o cuidado com a saúde mental é promover ambientes mais justos, acolhedores e sustentáveis. É devolver dignidade às relações de trabalho e restaurar a confiança social nas instituições públicas.
O Corregedoria Day não termina quando se encerram as palestras. Ele deve ecoar nas práticas administrativas, nos protocolos de gestão, nos fluxos de comunicação, nas avaliações de desempenho e na própria cultura organizacional.
Que essa edição nos inspire a colocar o bem-estar das pessoas no centro das decisões — não como uma concessão, mas como um dever público.