Ministrare non ministrari (Servir, não ser servido) foi o lema episcopal escolhido por Dom Joaquim Hudson Ribeiro, novo bispo auxiliar de Manaus, ordenado na noite da última sexta-feira, 2 de fevereiro, em solene cerimônia ocorrida no Santuário São José Operário. Um amazônida que se torna bispo da Amazônia, um filho da terra que serve o povo deste chão.
A celebração foi presidida pelo Cardeal Leonardo Steiner, que foi o bispo ordenante, tendo como concelebrantes Dom Luiz Soares (arcebispo emérito de Manaus) e Dom Mário Antônio (foi bispo auxiliar de Manaus e hoje é Arcebispo de Cuiabá) que retornaram à Capital do Amazonas especialmente para este momento que marca a caminhada da Arquidiocese de Manaus. Também se fizeram presentes os bispos do Regional Norte 1 da CNBB e o Clero de Manaus.
A cerimônia iniciou com um encontro de Dom Hudson com sua mãe, para receber uma bênção antes de assumir o múnus episcopal, confiado a ele pelo Papa Francisco quando o escolheu para ser bispo auxiliar de Manaus. Num segundo momento, após a leitura do Evangelho, iniciou o rito da ordenação. Monsenhor Sabino, representando o Clero de Manaus, pediu ao Cardeal Leonardo Steiner que ordenasse bispo o presbítero eleito e, em seguida, o Padre Cândido Cocaveli fez a leitura da carta de eleição do Papa que nomeia o Pe. Hudson bispo auxiliar de Manaus.
Antes de ordenar padre Hudson bispo, o Cardeal Steiner fez uma breve reflexão do que significa receber o múnus de bispo. “Hoje, com a ordenação episcopal de Padre Joaquim Hudson, repetimos o gesto da tradição apostólica de invocar o Espírito Santo, impor as mãos e rezar a oração da ordenação, dando assim continuidade ao Ministério Apostólico. Nós somos herança apostólica. Servir nasce do povo de Deus. Servir nasce da comunidade, mas é para o povo, é para a comunidade. O Ministério Episcopal no serviço à comunidade dos fiéis, em dinâmica sinodal. A igreja aqui reunida invocará o Espírito Santo e com a imposição das mãos dos bispos, com oração de ordenação e unção, Padre Joaquim Hudson participa do Colégio Episcopal, do Colégio dos Bispos. Ele recebe hoje o tríplice múnus: anunciar-evangelizar, santificar-bendizer, cuidar-governar das comunidades. Ele recebe esse tríplice múnus, mas tudo num movimento, na dinâmica de servir”, explicou o cardeal.
O arcebispo explicou o significado de cada momento do rito da ordenação na vida do novo bispo, que deve estar sempre ao serviço da palavra e ter nela sua moradia, sua tenda, e com a Palavra ser sinal de esperança em meio ao povo. Destacou que este é um bispo amazônida e que sabe caminhar de acordo com as especificidades da região.
“Amazônida, caro irmão, és hoje ordenado bispo para a Igreja na Amazônia. O caminhar da igreja na Amazônia foi aprendendo a moldar o seu jeito de ser uma igreja missionária, sinodal, de rostos amazônicos. Fiel à identidade missionária e sinodal e ao mandato de Jesus. Ela trilha as veredas, navega os rios e igarapés da encarnação, da realidade e da evangelização libertadora. Uma igreja sem receio de testemunhar a verdade, de levar esperança, iluminar a justiça e a fraternidade”, destacou o arcebispo.
Após a fala do arcebispo, deu-se continuidade ao rito, com a unção da cabeça, da imposição das mãos dos bispos ordenantes e co-ordenantes; a entrega do anel, da mitra e do báculo; o abraço e acolhida dos bispos presentes.
O Báculo que é o símbolo do serviço pastoral, que cuida de todo o rebanho, foi entregue por um representante do povo da rua e pelo Coordenador da Pastoral do Povo da Rua do Núcleo da Catedral de Manaus, Danilo Maia.Um momento muito importante e emocionante para a Arquidiocese de Manaus, Dom Hudson Ribeiro é muito atuante na Pastoral do Povo da Rua, em suas abordagens realizadas todos os sábados, ele tem contato direto com o povo em situação de rua.
A celebração foi marcada pela presença das pessoas em situação de rua, acompanhadas pela Pastoral do Povo de Rua, na qual Dom Hudson vinha realizando um importante trabalho. Deles recebeu homenagens e abraço fraterno, parabenizando-o pelo ministério que acabara de receber. Um momento de muita emoção para o novo bispo e para todos os presentes.
Dom Hudson recordou em seu discurso, que sempre foi premissa de sua família o serviço e a partilha aos que menos têm, um dos ensinamentos de sua mãe Rosa. Destacou que também segue o exemplo do serviço das amigas santas Teresa d’Avila, Teresa de Lisieux, Teresa Benedita da Cruz e Teresa de Calcutá, e também Maria Madalena das quais pede intercessão para bem servir o próximo. Citou diversas mulheres que serviram lutando e derramando seu sangue pela dignidade e direitos de pessoas vulneráveis, bem como os bispos que muito lhe ensinaram com sua caminhada e que hoje já estão na eternidade, mas deixaram marcas em sua vida sacerdotal. Agradeceu aos bispos da Amazônia presentes na celebração. Agradeceu às paróquias pelas quais passou e muito aprendeu: Paróquia Nossa Senhora dos Pobres, Paróquia Nossa Senhora das Graças – Aleixo, Paróquia São Pedro Apóstolo e Catedral Nossa Senhora da Conceição. Ao Cardeal, agradeceu pela confiança, incentivo, acolhida, ensinamentos. E por fim afirmou que deseja caminhar com os presbíteros, diáconos e o povo de Deus como aquele que serve, pois de graça e pela graça recebeu o ministério de bispo e pela graça deseja se fazer presença servidora na Igreja de Manaus. “Ministrare non ministrari”.
E o desejo de sempre estar a serviço está presente no brasão de Dom Hudson, que traz elementos do serviço, reafirmando a continuidade do compromisso e da caminhada de vida deste bispo, a partir dos ensinamentos do Mestre Jesus: servir e não ser servido. Serviço esse que passa pela cruz que é sinal de amor e entrega de sacrifício e de vitória sobre a morte.
Quem é o novo bispo auxiliar de Manaus
Natural de Parintins, no Amazonas, o padre Joaquim Hudson se formou no Seminário Arquidiocesano São José, em Manaus. Estudou Filosofia e Teologia no Centro de Estudos do Comportamento Humano. O padre diocesano foi ordenado em 12 de outubro de 1999.
Na Arquidiocese de Manaus, ele assumiu funções de pároco em quatro paróquias. Uma delas era a Catedral Metropolitana de Manaus, onde estava atuando atualmente.
Padre Joaquim também coordena o Serviço de Atendimento Psicológico Familiar da Arquidiocese de Manaus e é assessor da Cáritas Arquidiocesana de Manaus com foco em crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual. Atua junto à Pastoral do Povo da Rua e é diretor da Faculdade Católica do Amazonas e pesquisador de uma universidade pública.
Com informação da Arquidiocese de Manaus.