MANAUS – AM | Segundo apuração do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a extrema pobreza jogou para as ruas do país mais de 281 mil pessoas que não tem onde morar e o que comer. Somente durante o governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022, a população em situação de rua no país cresceu 38%.
Muitos sonhos foram abandonados, e junto com eles a dignidade do povo que vive sem abrigo. Nas ruas, eles enfrentam o frio o calor, a fumaça das queimadas e assim, tentam sobreviver. Quando chove eles não têm onde se abrigar, a chuva destrói as caixas de papelão que eles usam como teto. Esta é a dura realidade dos moradores em situação de rua.
Não importa quais os motivos que os levaram para as ruas, são seres humanos, são pessoas em situação de vulnerabilidade que fazem parte de um grupo invisibilizado, muitos um dia já tiveram uma família, um lar e uma posição social, e hoje, são pessoas excluídas da sociedade que sofrem intensos preconceitos e exclusão social, sobrevivem expostos sob constante perigo e dificuldades.
Por outro lado, existem pessoas que aceitaram o chamado de Deus, são agentes e voluntários que se unem todos os sábados em grupos e saem à procura destes moradores levando, sobretudo a palavra de Deus, esperança e calor humano.
Coordenados pelo Padre Hudson Ribeiro, pároco da Catedral de Manaus Nossa Senhora Imaculada Conceição, padroeira do Amazonas e diretor da Faculdade Católica do Amazonas, a abordagem do Povo da Rua é feita com alteridade, carisma, acolhimento espiritual, fé e fraternidade. Servir ao próximo é um aprendizado e uma lição de vida, quem exerce esse trabalho nas ruas deve enxergar sempre o rosto de Cristo nos irmãos excluídos.
Não é só alimentar o corpo dos nossos irmãos, eles também precisam ser alimentados com o Evangelho de Jesus Cristo.
A abordagem desenvolve estratégias para criar vínculos com as pessoas em situação de rua, esse tipo de atuação é primordial para adquirir a confiança e assim, plantar no coração dos nossos irmãos, o sentimento de acolhida de ajuda.
A aproximação deve ser uma porta de entrada para conhecer o cotidiano das pessoas em situação de rua, saber quem são, de onde vieram, como vivem, por que estão na rua, e como sobrevivem. Se aproximar, ouvir, conhecer, entender e construir junto com ele um processo de saída das ruas, é um trabalho de convencimento lento, um processo que deve ser conduzido de forma humanizada, orientando para garantir seus direitos de políticas públicas, mas também respeitando as escolhas dessas pessoas.
Sair de uma situação de rua ainda é um processo demorado. Por isso, existe uma construção de vínculo de confiança, constância e persistência. As ações da Pastoral do Povo da Rua, levam dignidade para as essa pessoas em um prato de comida. É o que acontece todos os domingos, às 16h, na Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição no centro de Manaus.
Na matriz são servidos alimentos de forma digna para o povo em situação de rua e de vulnerabilidade social, no dia 23.10.2023 – domingo, 190 pessoas foram alimentadas, em uma grande mesa, montada na lateral da Igreja. Em comunhão, todos foram servidos com água, refrigerante em pratos, copos e colheres limpos. Todos foram alimentados com uma feijoada, frango, arroz, feijão, macarrão, farofa e laranjas.