Pesquisa mapeia programas de atenção básica em saúde para mulheres lésbicas e bissexuais

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FOTO – Érico Xavier/Fapeam

Com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o estudo “Entre o Direito e o Acesso: protoformas de saúde na atenção básica para mulheres lésbicas e bissexuais em quatro municípios do Amazonas”, apoiado via Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, Edital nº 006/2019, ainda em andamento, visa identificar as peculiaridades quanto ao acesso e atendimento de mulheres lésbicas e bissexuais nos municípios de Manaus, Parintins, Itacoatiara e Manacapuru.

De acordo com a coordenadora do estudo, professora do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), doutora Lidiany de Lima Cavalcante, as referidas mulheres abandonam os serviços de saúde devido ao preconceito e discriminação que sofrem, resultando na falta de prevenção e acarretando quadros de câncer, que poderiam ser evitados com políticas de humanização em saúde, práticas de acolhimento e reconhecimento das diferenças.

A pesquisa pretende mapear a rede de atenção básica em saúde nos quatro municípios: identificar a existência de programas de atenção à saúde das mulheres e as peculiaridades quanto ao acesso e atendimento de mulheres lésbicas e bissexuais; caracterizar o cotidiano de atuação dos profissionais junto aos sujeitos da pesquisa, assim como as particularidades no atendimento; conhecer os desafios das mulheres lésbicas e bissexuais no que se refere ao direito, acesso e permanência aos programas da atenção básica de saúde; realizar a devolutiva dos dados, por meio de reunião ampliada, com uso de materiais de sensibilização, orientação, junto aos profissionais da rede de atenção básica de saúde nos quatro municípios pesquisados.

“Sabe-se que o Sistema Único de Saúde (SUS), no bojo da atenção básica, objetiva e preconiza pelo princípio da Universalidade. Entretanto, a população de mulheres bissexuais e, sobretudo, de lésbicas, apresenta demandas de intervenção em saúde com várias especificidades. Com o projeto, objetivamos ouvir essas mulheres, assim como, também, os profissionais de saúde, para que possamos, na perspectiva de uma pesquisa-ação, oferecer aos profissionais de saúde dos municípios, uma formação sobre as especificidades no atendimento à saúde, das referidas mulheres”, disse a coordenadora, ressaltando que o estudo pretendia alcançar 70 mulheres e 150 profissionais, mas já atingiu mais de 140 profissionais e está próximo a alcançar 90 mulheres.

Metodologia – Conforme o projeto, a metodologia aplicada no estudo consiste na pesquisa-ação e realização de entrevistas com profissionais de saúde que atuam na atenção básica. Com as mulheres, são aplicados questionários, para maior alcance de participantes. A pesquisa-ação contempla, ao final das análises, a realização de uma formação específica sobre gênero, diversidade sexual e as especificidades de mulheres lésbicas e bissexuais na atenção básica em saúde, com ênfase em acesso à saúde, exames preventivos de direitos sexuais e reprodutivos.

“Nosso objetivo é ouvir ambos os representantes, ponderar os resultados e fazer a devolutiva para a sociedade, juntamente com uma proposta de formação para os profissionais. Sabemos que a temática da diversidade sexual apresenta-se como tabu, mesmo no século 21, mas precisamos desconstruir esses paradigmas, para que possamos fomentar a inclusão na atenção básica em saúde”, explicou a pesquisadora.

Apoio – Para a coordenadora do projeto, a Fapeam apresenta relevância fundamental no fomento a essa pesquisa, que se caracteriza por ser inédita no âmbito brasileiro como pesquisa-ação de abrangência das Ciências Humanas e Sociais.

“O olhar e reconhecimento da Fapeam sobre o tema, apontam caminhos importantes no limiar do reconhecimento da diversidade sexual como condição humana, assim como nas protoformas de ação-reflexão-ação, já que oportuniza não apenas o desenvolvimento de uma pesquisa, mas o retorno concreto para a sociedade, assim como o alicerce para que o poder público e sociedade civil, possam pensar conjuntamente estratégias de inclusão e reconhecimento do público participante da pesquisa, no cenário da atenção básica em saúde”, disse Lidiany destacando o apoio Governo do Estado na realização da pesquisa relevante no âmbito da saúde da mulher.

Alerta – Lidiany Cavalcante observou que o estudo, ainda em fase final da etapa de campo, visa também chamar a atenção dos movimentos sociais que atuam nas plataformas de direitos humanos, direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, para que as respectivas protagonistas não abandonem os serviços de saúde, mas possam fomentar estratégias de retorno para garantir todos os âmbitos da prevenção, não apenas das modalidades de cânceres que atingem o público feminino, mas que possam ter acesso à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e o direito à saúde sexual e reprodutiva, de forma plena e consciente.

Sobre o programa -O Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas financia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas em instituição de pesquisa ou ensino superior ou centro de pesquisa, públicos ou privados, sem fins lucrativos, com sede ou unidade permanente no estado.

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