Fungo descoberto em castanheiras pode ter atividade bactericida

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A castanha-do-brasil ou castanha-do-pará é objeto de estudo de diversos grupos de pesquisa em todo o País. Um dos objetivos dos estudos visa entender como evitar a contaminação das castanhas por espécies de mofo ou bolor que produzem substâncias tóxicas.

castanheira

Um subproduto inesperado dessas pesquisas é a descrição de uma nova espécie de fungo, o Penicillium excelsum, uma das mais de 350 espécies do gênero Penicillium, o mesmo de onde se extraiu, originalmente, a penicilina, o primeiro dos antibióticos.

Publicado no periódico PLoS ONE, o trabalho é liderado pela bióloga e pesquisadora Marta Hiromi Taniwaki, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) de Campinas, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com o apoio da Fapesp.

A castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa) é uma árvore amazônica que pode alcançar mais de 50 metros de altura. A planta produz ouriços que amadurecem e caem no chão da floresta, partindo-se e liberando suas sementes, as castanhas. O Brasil lidera a produção mundial.

No Acre, o maior produtor nacional, as sementes são conhecidas como castanha-do-acre. Já na Bolívia, o segundo maior produtor, o nome é almendra (amêndoa), noz-amazônica ou noz-boliviana. No resto do planeta, a noz comestível da castanheira amazônica é a Brazil nut, a noz do Brasil.

Devido ao desmatamento, desde 1998, a castanheira-do-brasil é considerada uma espécie vulnerável à extinção, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Sua extração é proibida por lei.

A castanha-do-brasil é um produto importante na pauta de exportações da indústria extrativista da Amazônia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção brasileira, em 2013, foi de 38 mil toneladas.

Os maiores consumidores são os Estados Unidos e a China. Já a União Europeia proibiu em 2000 a importação das castanhas. O embargo foi devido à presença de aflatoxinas, que são toxinas produzidas por algumas espécies de fungos, em concentrações acima do permitido pela regulação sanitária europeia. Estudos mostram que, em altas concentrações, as aflatoxinas podem atacar o fígado, causando necrose, cirrose hepática, edema e câncer.

Hoje se sabe que a formação das toxinas pelos fungos nas castanhas se deve às condições de umidade na floresta e ao tempo de estocagem até as sementes atingirem um nível seguro de umidade. Castanhas que são secas à temperatura de 60 graus e mantidas em estoques apropriados apresentam menos fungos e menor possibilidade de conter as toxinas do que aquelas armazenadas sem os mesmos cuidados.

Após todos esses estudos e esforços ao longo da cadeia de extração e processamento da castanha, em 2011, a Europa levantou o embargo e voltou a comprar nossas castanhas. Ao mesmo tempo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também estabeleceu limites máximos para as aflatoxinas na castanha-do-brasil, a fim de proteger o consumidor.

De acordo com Marta Taniwaki, o objetivo principal de seu trabalho com as castanhas-do-brasil era verificar a ocorrência de fungos produtores de aflatoxinas. “Além disso, estávamos interessados em conhecer a micobiota, os fungos presentes na castanha e no ecossistema amazônico ao redor das castanheiras”, explicou Taniwaki.

Fonte: Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do Amazonas

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