A história de uma guerreira, mulher pobre e negra: De faxineira a juíza

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Ela tem  38 anos, e trabalha como titular da 1ª Vara Cível e da Vara de Infância e da Juventude de Quirinópolis, em Goiás. Tem cinco pós-graduações, estuda Letras nas horas vagas, mas acreditem essa vencedora já foi faxineira.

Estamos falando da Juíza Adriana Maria Queiroz que narra as suas conquistas no livro que lançou, Dez passos para alcançar seus sonhos – A história real da ex-faxineira que se tornou juíza de direito.

De família pobre,  trabalhadores rurais do sertão da Bahia, eles  se mudaram para Tupã, um município de 63.000 habitantes no interior de São Paulo, em busca de melhoria de vida.

A Juíza  sempre estudou em escola pública, foi a terceira classificada no vestibular para cursar direito, mas em sua cidade somente existia uma faculdade e era privada. Ela não tinha como pagar. “Eu soube do resultado da prova numa sexta e, na segunda, já tinha que fazer a matricula ou perdia a vaga. Tive três dias para decidir o que fazer, ver se teria que abandonar”.

Foi em um Hospital que ela começou a trabalhar como faxineira durante seis meses, ganhando um salário mínimo. “Força nos braços, advogadinha!”, lhe gritavam, zoando. “Esse episódio é muito marcante para mim, justamente por esse preconceito de que alguém que exerce um cargo como eu exercia não possa sonhar alto”.

Ela decidiu falar com o diretor da faculdade,  que se sensibilizou e concedeu uma bolsa de 50% e diluiu o valor da matrícula nas mensalidades, ela passou a trabalhar durante o dia na limpeza e à noite conseguia estudar.

Mas, o sonho era muito mais alto,  Adriana resolveu ser juíza. “Quando anunciei isso as pessoas ficaram espantadas. Não era comum no meu contexto almejar um cargo tão alto. É como se fosse algo inacreditável, faziam questão de frisar que eu era pobre e negra, como se não tivesse nenhuma chance”, lamenta. Decidida, em 2002, terminou os estudos, pediu demissão na Santa Casa, onde já tinha sido promovida ao corpo administrativo e guardou suas coisas em duas sacolas plásticas. Partiu para a capital para se preparar. “Eu não tinha nem mala”, diz Adriana.

Foto: Arquivo pessoal

Ela conta que o dinheiro estava acabando e ela não conseguia emprego. “Foi um momento muito crítico, o dinheiro estava acabando e eu não tinha conseguido trabalho”, conta Adriana. “Eu me vi de novo nesse dilema de ter ou não que abandonar”. o diretor do curso, o procurador Damásio de Jesus, foi o anjo enviado para ajudar a Juíza.

Arquivo pessoal

“Logo à primeira vista, olhando nos olhos daquela jovem advogada de 24 anos, tive certeza de que estava diante uma lutadora, uma pessoa incomum, de alguém que, sem dúvida, estava fadada a um grande futuro”. Damásio ofereceu lhe concedeu uma bolsa de 100% do curso durante dois anos e a empregou na biblioteca da instituição. “Fiquei sete anos estudando, sábados, domingos e feriados. Quando as pessoas iam viajar, eu ficava na biblioteca. Depois de inúmeras reprovações, eu consegui. Em janeiro de 2011 passei o concurso e me tornei juíza em Goiânia”.

Com o lançamento de seu livro Adriana quer motivar agora  as pessoas que, assim como ela, “sonham, mas estão desacreditadas”. “É possível romper os paradigmas sociais”, encoraja. “Eu, particularmente, não sofro racismo hoje. Mas sim vivencio a grande surpresa das pessoas quando me veem. Porque quando o advogado vai procurar o juiz, ele não espera encontrar alguém como eu. Eu não me importo. Eu fico feliz de ter quebrado esse paradigma”. finalizou a Juíza Adriana Queiroz

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